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domingo, 22 de dezembro de 2024
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Saúde

Cepa da dengue mais disseminada no mundo é encontrada em Aparecida

Linhagem é presente na Ásia, no Pacífico, no Oriente Médio e na África.

Postado em 9 de maio de 2022 por Ítallo Antkiewicz

Aparecida de Goiânia tem o primeiro caso identificado no Brasil do genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue, que é considerado o mais disseminado no mundo. A linhagem é presente na Ásia, no Pacífico, no Oriente Médio e na África. A informação foi divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A identificação foi realizada em fevereiro em uma amostra referente a um caso ocorrido no final de novembro na cidade da Região Metropolitana de Goiânia. O estudo é da Fiocruz, em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO).

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, a detecção foi comunicada imediatamente às secretarias municipal e estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde (MS).

Cepa mais disseminada do mundo

O genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue está presente na Ásia, no Pacífico, no Oriente Médio e na África, mas nunca havia sido encontrado no território brasileiro.

De acordo com a Fiocruz, a identificação em Aparecida representa o segundo registro oficial desse genótipo nas Américas. O primeiro foi após um surto em Madre de Dios, no Peru, em 2019.

A Fundação explica que o vírus da dengue possui quatro sorotipos, são eles: 1, 2, 3 e 4. Segundo eles, cada um pode ser subdividido em diferentes genótipos, por causa das variações genéticas. De acordo com o estudo, o genótipo cosmopolita é um dos seis genótipos do sorotipo 2.

Atualmente, a linhagem asiático-americana, que também pode ser denominada como genótipo 3 do sorotipo 2, é a que circula no Brasil. No entanto, como o genótipo cosmopolita tem a capacidade de se espalhar facilmente, a chegada dessa cepa território brasileiro gera uma preocupação aos pesquisadores, segundo a Fiocruz.

Pesquisadores descartam relação com surto em Goiás

Segundo o Ministério da Sáude (MS), a cada 100 mil moradores de Goiás, 1,3 mil têm ou tiveram dengue em 2022. O órgão indica que essa incidência é cinco vezes maior do que a média em todo o Brasil, que é de 254 diagnósticos para cada grupo do mesmo número de pessoas. Apesar disso, os pesquisadores da Fiocruz descartam a aparição da nova cepa com o surto vivido no estado.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, a possibilidade de associação entre a linhagem cosmopolita e o aumento de casos no estado goiano é descartada, até o momento, com base no sequenciamento genético de amostras feito em Goiás.

O estudo apontou, ao todo, cerca de 60 genomas nas duas primeiras semanas de fevereiro. As amostras encontradas eram do sorotipo 1 e do sorotipo 2 e apenas uma delas era do genótipo cosmopolita. As demais, conforme a Fiocruz, eram do genótipo asiático-americano.

Origem

O achado representa o segundo registro oficial desse genótipo nas Américas, após um surto no Peru, em 2019. As análises feitas no Brasil mostram que a linhagem encontrada é semelhante a dois microrganismos isolados durante o surto registrado na província de Madre de Dios, no Peru. Porém, ainda não é possível dizer que o genótipo cosmopolita foi introduzido no Brasil a partir do país vizinho. A suspeita é que tenha chegado a partir da Ásia, por meio de viagens intercontinentais.

Segundo a Fiocruz, as secretarias municipal e estadual de Saúde e o Ministério da Saúde foram comunicados. Os pesquisadores publicaram um artigo na plataforma de pré-print medRxiv. 

Os pesquisadores ressaltam que entre as principais ações para conter a disseminação da dengue está a eliminação de depósitos de água parada, que podem se tornar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. 

Além das ações de combate à dengue, os pesquisadores enfatizam a importância de intensificar a vigilância genômica do agravo para mapear a possível circulação da linhagem cosmopolita e compreender melhor as rotas de introdução do vírus no país. 

Vigilância 

A identificação do genótipo cosmopolita do vírus da dengue foi realizada a partir de um projeto de vigilância genômica de arbovírus em tempo real, liderado pelo Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz. Na iniciativa, os pesquisadores se deslocam para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública dos estados (Lacens) e realizam a decodificação de genomas com equipamentos portáteis para sequenciamento genético. Desde 2020, o trabalho contempla também a vigilância genômica do Sars-CoV-2, causador da covid-19, recebendo o nome de VigECoV-2.

O projeto tem colaboração do Ministério da Saúde, por meio das coordenações Gerais das Arboviroses (CGArb) e de Laboratórios de Saúde Pública (CGLab), da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) e dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), ambos dos Estados Unidos.

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