O goianiense Gildo Frugoni, de 63 anos, tem passado por momentos de agonia em hospitais da capital nos últimos meses. Com parte de uma artéria de sua perna direita parcialmente obstruída, Gildo e sua família lutam contra o tempo em busca de uma cirurgia para retirada do trombo (coágulo sanguíneo) e implante de equipamento que impeça o retorno da trombose. Ele já perdeu parte dos dedos do pé direito e, caso não consiga sua cirurgia em breve, poderá perder sua perna.

Em entrevista ao O Hoje, o filho de Gildo, Rafael Frugoni, contou os impasses pelos quais o pai tem passado, e denuncia a demora por parte da Prefeitura de Goiânia para a liberação das cirurgias.

Como começou

Rafael conta que a situação de seu pai começou no ano passado, quando Gildo descobriu que precisaria passar por uma angioplastia em uma das pernas. Em consulta na rede pública de Saúde de Goiânia, Gildo recebeu encaminhamento para passar pelo procedimento. A cirurgia precisava ser rápida, pois ele já tinha feito outro procedimento na mesma perna para revascularização, o que agravava a situação de saúde.

Mesmo com o encaminhamento já expedido, a cirurgia não era liberada por parte do município. Diante da urgência, a família acionou a Justiça para que o município fosse intimado a atendê-lo. A decisão favorável saiu depois de 4 meses de espera.

A rede pública de Saúde então deveria proceder com a cirurgia de Gildo, o que não ocorreu. Foi quando a juíza que cuidava do caso determinou o bloqueio do dinheiro do município para que o idoso fosse atendido por um hospital da rede particular, finalmente conseguindo o procedimento no final do mês de abril. Gildo recebeu um stent em uma das artérias, um pequeno equipamento utilizado para restaurar o fluxo sanguíneo e reestabelecer um ritmo cardíaco normal.

Complicações

A história parecia resolvida, mas ganhou um novo capítulo no último domingo (8/5). Gildo descobriu um problema com a cirurgia. O stent que foi colocado para abertura da artéria entupiu e precisaria ser substituído.

“Nós fomos ao CAIS Cândida de Morais e na segunda meu pai foi encaminhado ao Hugol. No Hugol, ele fez o exame de ultrassom com dopler e constatou realmente o entupimento do stent. Depois a médica cirurgiã avaliou meu pai e disse que não é possível realizar o procedimento no hospital, pois eles não possuem equipamento para fazer a trombectomia“, disse Rafael em entrevista.

Segundo ele, a família foi informada de que o Hugol não teria o suporte de equipamentos e médicos necessários para a nova cirurgia, que só poderia ser feita na rede particular.

Decisão judicial

Na terça-feira (10/5), a juíza Marina Cardoso Buchid, da 2ª Vara da Fazenda Pública Municipal e de Registros Públicos, julgou procedente o pedido da família de Gildo Frugoni e expediu um mandado de segurança com pedido de liminar contra o secretário de Saúde de Goiânia, Durval Pedroso.

No mandado, a SMS de Goiânia foi intimada a fornecer a cirurgia de retirada do trombo na perna do paciente, além de nova angioplastia para substituição do stent. O prazo para que o município acatasse a intimação foi de até 48 horas, mas o período se encerrou na sexta-feira (13), e o secretário ainda não se manifestou a respeito da decisão judicial.

Comissão de Saúde intercede junto à SMS

Diante da situação e do não cumprimento do mandado, o vereador Mauro Rubem (PT), presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Goiânia, solicitou na sexta-feira (13), que o secretário Durval Pedroso cumpra determinação da juíza Marina Cardoso Buchdid e autorize o pagamento do procedimento de tromboaspiração e cirurgia de angioplastia para o paciente.

Conforme os relatórios médicos, Gildo necessita da cirurgia com urgência. A família segue na espera.

A reportagem entrou em contato por telefone com a assessoria da Secretaria de Saúde de Goiânia, solicitando informações sobre o caso e posicionamento sobre o mandado de segurança. Confira a nota da SMS a seguir:

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que não há nenhum pedido na Regulação de Goiânia em nome do paciente citado. O último pedido para ele foi autorizado no dia 9 de maio, quando foi transferido para o Hugol, que passa a ter responsabilidade pelo paciente. Quanto ao processo, a Procuradoria já se pronunciou nos autos.

*Reportagem atualizada às 14h20 de domingo (15/5), para inclusão da nota da SMS