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sábado, 23 de novembro de 2024
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Cultura para todos

Mídia alternativa: Podcasts disponibilizam audiodescrição ou tradução em Libras

Déia Freitas é contadora de histórias e idealizadora do podcast

Postado em 17 de maio de 2022 por Elysia Cardoso

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 25 milhões de brasileiros possuem perda auditiva ou algum tipo de deficiência auditiva. Isso equivale a cerca de 10% da população. Ainda assim, boa parte dos produtos de Comunicação no país, sejam TV aberta ou serviços de streaming, vídeos no Youtube e podcasts não possuem tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras). E nem sempre os motivos para isso são financeiros.

“Normalmente as pessoas pensam que o público com deficiência auditiva é pouco. Já prospectamos clientes em vários podcasts e muitos declinam educadamente, dizendo que não há interesse”, explica Danilo Souza, Diretor de Operações da Open Senses, empresa especializada em audiodescrição e tradução em Libras.

Segundo Danilo, pela natureza da mídia, existe um grande público que a consome e ela abrange conteúdos muito mais plurais do que os formatos tradicionais. “Seria socialmente muito importante e daria uma visibilidade enorme para esse público. Gostaria de ver os grandes podcasts, que lideram as estatísticas, terem essa preocupação. E mesmo os produtores independentes traçarem estratégias para fazer isso acontecer”.

Dentro desse cenário, o ‘Não Inviabilize’, podcast que traz histórias de diversos tipos enviadas por ouvintes e que atualmente possui mais de 72 milhões de reproduções e mais de 100 mil reproduções por episódio, se destaca ao disponibilizar as histórias em Libras no seu canal do Youtube.

O  Não Inviabilize oferece acesso a mais de 400 histórias traduzidas em Libras. De acordo com a contadora de histórias e idealizadora do podcast, Déia Freitas, o objetivo é que, num futuro próximo, as histórias saiam no Youtube em Libras e nos agregadores de podcast simultaneamente. “Eu sempre quis que o meu conteúdo fosse o mais acessível possível, pensei que só com a transcrição dos episódios eu teria cumprido com o item de acessibilidade. Conversando com algumas pessoas com deficiência auditiva, descobri a necessidade do conteúdo em Libras”, explicou.

Para Souza, a iniciativa do Não Inviabilize foi pioneira, na medida em que ela propôs que todo o conteúdo fosse traduzido para Libras de uma vez. “O maior desafio foi o volume de material. São dois anos de produção, que resultaram em dois meses de gravação, 93 horas de mídia. Esse foi o maior projeto que já fizemos de uma tacada só. Eu não sei de nenhuma iniciativa semelhante e ela é o maior podcast do país a fazer isso”, afirmou.

No entanto, o Diretor de Operações da Open Senses tem um conselho para podcasters independentes interessados em buscar a tradução em Libras ou a audiodescrição. “Se aproxima da comunidade para a qual você quer que o seu conteúdo seja acessível. Nas redes sociais, tem muitas pessoas com deficiência auditiva. Tenta entender como a comunidade se organiza. Se aproxima dessas pessoas e dialoga, até porque não adianta nada só pagar pra fazer, sem esse diálogo seu conteúdo não vai ser consumido, mesmo que traduzido. Penso que o começo de tudo é a aproximação, porque aí a acessibilidade acontecerá, sendo uma consequência desse processo”, finaliza

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