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sábado, 23 de novembro de 2024
Agricultores em alerta

Clima frio pode trazer prejuízos ao produtor rural em Goiás

O alerta está em produtos como café, milho, banana e cana-de-açúcar que podem sofrer aumento por conta da baixa temperatura.

Postado em 20 de maio de 2022 por Redação

Ítallo Antkiewicz e Sabrina Vilela

O frio intenso em diversas regiões do País está atingindo áreas produtoras de grãos, frutas, verduras e legumes. Os agricultores já estão em alerta, principalmente os que cultivam hortaliças, café, milho, banana e cana-de-açúcar, que são mais sensíveis a baixas temperaturas e geadas. Se esses alimentos forem afetados, os produtos ficarão mais caros, impactando na inflação.

O frio pode resultar em produtos com menor qualidade e ainda mais caros. O café, as frutas e os legumes estão entre os itens que mais subiram de preços nos últimos 12 meses, pressionando a inflação. As hortaliças estão entre as culturas mais vulneráveis ao frio, que pode queimar as folhas e caules e interromper o crescimento das plantas, reduzindo a produtividade dos frutos.

O feirante, Wenikley Batista está na profissão há mais de 20 anos e sofre nessa época de frio por conta da fragilidade de algumas mercadorias. “Eu sou dono de banca de verdura e o frio queima algumas mercadorias, por exemplo, o quiabo e a cenoura”, explica.

Produção em queda

O produtor rural Flávio Faedo que produz folhagens, como a alface, couve, salsa e rúcula, numa horta no município de Rio Verde, ressalta que dependendo da intensidade e duração, uma onda de frio pode interromper o desenvolvimento e causar o abortamento das flores da planta. “Estou trocando o horário de trabalho dos funcionários para molhar as plantas logo nas primeiras horas do dia, quando o frio é mais intenso, e reduzir o risco de congelamento das folhagens, que são muito frágeis e podem ser queimadas”, explica.

Faedo lembra que, há cerca de 20 anos, já chegou a perder praticamente uma horta inteira por causa de uma geada. “Minha horta está grande e, se isso acontecer, o prejuízo será bem grande”, prevê.

O produtor rural do município de Morrinhos, David Martins de Jesus, pontua que chegou a perder 25% de sua lavoura por causa da queima das plantas, em decorrência do frio intenso no ano passado. “Não escondo o temor de que o problema se repita ainda com mais prejuízo este ano, pois a produção de berinjela, jiló e chuchu pode não se desenvolver como deveria para dar os frutos no tempo certo, comprometendo a qualidade”, afirma

Segundo o produtor rural, nem mesmo a irrigação na madrugada pode resolver o problema causado por uma geada. “Isso pode ajudar um pouco, mas não resolve muita coisa, num clima muito severo, se colhíamos 200 caixas, passamos a colher só 50”, avalia.

Colheita menor

O presidente da Cooperativa dos Produtores de Hortifrutigranjeiros de Goiás (COMPHEGO), Lourivan Santos, ressalta que estas condições prejudicam mais algumas culturas que outras. “Além das folhagens, culturas como o chuchu, pimentão, maracujá e banana estão entre as mais suscetíveis a perdas com o frio intenso. No caso da banana, por exemplo, a geada pode queimar as folhas, afetar a formação da planta e atrasar a produção”, afirma.

Preocupação com a geada em Goiás

O analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), Alexandro Alves, ressalta que uma preocupação muito grande com a chegada do inverno sempre é a ocorrência de geadas. “Isso acontece, porque ocorre o congelamento de estruturas das folhas, impedindo que o enchimento dos grãos se dê de forma satisfatória, pois todo o metabolismo da planta é afetado. Dependendo da intensidade do evento, a geada pode causar até mesmo a morte dos tecidos vegetais. Entre as grandes culturas o caso mais preocupante no momento é com a cana-de-açúcar, cujas as plantas estão plenamente desenvolvidas e prontas a serem colhidas, já que estamos em plena safra no momento”, afirma.

Alves pontua que no caso das hortaliças e frutas, mais sensíveis ao frio, à medida que a temperatura cai, o desenvolvimento metabólico da planta fica mais lento. Em casos mais extremos, quando ocorre uma geada, por exemplo, os danos são ainda mais severos e as plantas ou parte delas podem morrer. “O prejuízo maior é nas culturas mais sensíveis como as hortaliças e frutas e também nas pastagens. Não temos ainda relatos de prejuízos severos em Goiás, a região mais atingida com a última onda de frio e geada ocorrida no sudoeste goiano. Prejuízos certamente ocorrerão, mas sem grandes alardes no momento”, explica.

O analista técnico frisa que o frio pode afetar muito as culturas mais sensíveis como hortaliças e frutas. “Já que o produtor não tem muito o que fazer, haja visto que não tem dotação de estruturas de proteção dessas plantas como casa de vegetação ou estufas, mesmo assim é difícil controlar o clima em situações de baixas temperaturas. Cremos que não deve haver perda significativa de produtos neste momento e logo o clima deve seguir a situação de normalidade já que em breve estaremos no verão”, afirma.

O especialista ressalta que a safrinha já não apresenta um bom desempenho, com chuvas em baixo volume e dispersas em abril e nos primeiros dias de maio, o que tem prejudicado culturas como milho, sorgo, trigo e algodão. “Prejuízos causados pela queda de produção nas lavouras geralmente resultam em preços mais altos para o consumidor”, pontua.Agora a preocupação aumenta com a previsão de frio intenso no Sul e Sudoeste de Goiás, que pode causar geadas e prejudicar ainda mais as lavouras, que já sofrem com a seca. Alexandre Alves lembra que, devido a estes fatores, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já reduziu em 11% a estimativa de produção em Goiás. (Especial para O Hoje).

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