Em ataques racistas, mulher chama família negra de “crioulos” e “raça impura” em metrô de BH; assista
Nas imagens gravadas por testemunhas mostram outros momentos em que a suspeita, aos gritos, falava: “Eu sou racista. Eu sou racista”
O casal Leni Rodrigues, Alexandre Elias Rodrigues e a filha, Isabelle Cristine Rodrigues, foram vítimas de injúria racial, no metrô de Belo Horizonte, na tarde deste domingo (5/6). De acordo com a família, os ataques racistas começaram na Estação Central e seguiram até a Estação José Cândido da Silveira, no bairro Santa Inês na Região Leste da capital mineira. (Veja os vídeos no final)
“Ela estava proferindo coisas que a gente não entendia. Só sei que ela dava risadas sarcásticas e falava baixinho. Ai quando ela entrou no metrô, foi que ela começou a proferir que ela era racista”, relatara Alexandre.
No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar (PM), a suspeita, Adriana Maria Lima de Brito, de 54 anos, começou os xingamentos assim que a família, que voltava de um passeio na Feira Hippie, embarcou em um dos vagões do metrô. O documento ainda informa que as vítimas relataram que a mulher proferiu ofensas como: “Negros fedidos, crioulos fedorentos, raça impura. Vocês não poderiam estar no mesmo ambiente que nós. Vocês deveriam ter descido do metrô, pretos fedorentos”.
Nas imagens gravadas por testemunhas mostram outros momentos em que a suspeita, aos gritos, falava: “Eu sou racista. Eu sou racista” e “Eu não sou da sua raça”.
Religião
Em outro vídeo compartilhado por um homem, logo que a família e a suspeita desceram do metrô, mostra Adriana declarando diversas palavras religiosas. Em um momento Adriana diz: “Eu te amaldiçoou”. Em outro instante ela afirma apontando para Leni: “Se você acha que você é melhor do que eu, você não pode, porque quem pode é Deus é a ele que eu serviço. Os demônios todos podem, porque eu os prevaleço. Os demônios são meus servos e você não pode nada”. Em um tom de deboche ela finaliza “Aleluia”.
A testemunha que gravou o vídeo relata na gravação que ela ainda falou em uma série de vezes a palavra “Ku Klux Klan”, um uma organização terrorista formada por supremacistas brancos que surgiu em 1865 nos Estados Unidos depois da Guerra Civil Americana. O grupo perseguia e promovia ataques contra negros e defensores dos direitos desse grupo. Foram responsáveis por cometer atos violentos como incêndio de casas habitadas por afro-americanos, espancamentos e enforcamentos.
Crime
Após perceberem a movimentação no vagão, guardas do metrô intervieram e a polícia foi chamada. A Polícia Civil de Minas Gerais informou que a mulher foi autuada pelo crime de injúria racial e foi encaminhada ao sistema prisional, onde segue à disposição da Justiça. No entanto, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) não confirmou se a suspeita deu entrada no sistema prisional nesta manhã.
A acusada será submetida a exames para atestar um possível caso de transtorno mental. A polícia não descarta essa possibilidade.