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sábado, 23 de novembro de 2024
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Negócios

Sistema digital deve facilitar avaliação de lavouras orgânicas

A expectativa é que a ferramenta torne mais simples o preenchimento dos documentos de avaliação da conformidade das hortas

Postado em 13 de julho de 2022 por Vitória Bronzati

Desenvolvido pela Embrapa com versão beta já testada por produtores, um novo sistema digital fácil e acessível deve facilitar o processo de certificação de alimentos orgânicos. O sistema deve ganhar versões tanto para aparelhos celulares quanto para computador e o que deve diferenciá-lo é que poderá ser acessado off-line. A ideia é que a ferramenta torne mais simples para o produtor rural o preenchimento dos documentos de avaliação da conformidade orgânica. Além disso, o sistema proporcionará um ambiente seguro para sistematizar os dados coletados dos usuários e dos ambientes de produção a fim de promover a certificação participativa e permitir o uso restrito desses dados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A pesquisadora da Embrapa Territorial, Gisele Vilela, explica que, no percurso para a obtenção do selo orgânico de seus produtos, os agricultores encontram dificuldades para preencher as documentações exigidas, como, por exemplo, o plano de manejo orgânico. O documento é obrigatório e registra o que será cultivado no ano, além de levantar informações sobre o solo, a biodiversidade, os recursos hídricos e as práticas agrícolas que serão adotadas.

Desde o ano passado, a Embrapa promove oficinas para ouvir sugestões dos próprios agricultores de como tornar mais simples esse preenchimento. A partir das primeiras propostas, foi desenvolvido um protótipo de formulário eletrônico, que foi posto a teste nos últimos encontros, realizados em maio em Inconfidentes (MG) e em junho em Ribeirão Preto (SP). Em dinâmicas que aplicaram a abordagem ‘User Experience’, os participantes exploraram a versão beta da tecnologia e avaliaram a compreensão textual dos itens do plano de manejo de suas propriedades e as funcionalidades da ferramenta.

A equipe segue trabalhando no aperfeiçoamento do formulário eletrônico, segundo as propostas e críticas feitas nesses encontros. “Vamos descrever essas práticas da melhor forma para que eles possam identificá-las. Podem ser descrições explicativas, por meio de hiperlinks, ou até vídeos”, revela Vilela.

A parceria está gerando boas expectativas. Segundo a presidente da Central de Associações Orgânicos Sul de Minas, Letícia Bustamente, a Embrapa pode entender a realidade dos agricultores e conseguir transformar essas ferramentas o mais próximo possível de nossa realidade e assim ajudar o cumprimento dessa obrigatoriedade do processo de certificação participativa.

A digitalização também pode resolver outro obstáculo do processo de obtenção do selo: a burocratização imposta pelo preenchimento de papeladas de documentos anualmente. O diretor da Comuna da Terra, Zaqueu Miguel de Carvalho, pontua que o sistema vai facilitar a vida do agricultor, pois ele conseguirá impulsionar a redução da burocracia ao eliminar o preenchimento no papel.

Essa questão foi percebida pelos desenvolvedores da tecnologia logo nas primeiras reuniões. “Existem até relatos de pessoas que desistem de entrar com a certificação por conta disso. Então, o digital facilita, pois o preenchimento pode ser feito sem a necessidade de digitação de todos os dados e as informações já ficam gravadas no sistema, sendo atualizadas ano a ano, caso necessário”, afirmou Vilela.

Plataforma

O formulário eletrônico fará parte de um sistema que contará ainda com outros recursos de acesso restrito e público. No grupo de acesso restrito ficarão os dados agrupados da produção orgânica das organizações parceiras – apresentados em mapas e gráficos – e os indicadores econômicos da produção orgânica dos usuários. De acesso público, serão disponibilizados uma relação de produtos e de insumos permitidos para o sistema de produção orgânica e um banco de dados das tecnologias e produtos da Embrapa disponíveis e direcionados ao segmento.

Pelo acesso ao conjunto de dados dos usuários e de suas unidades de produção, os sistemas participativos de certificação e o Ministério da Agricultura podem ter uma programação da estimativa de safra dessas culturas, uma visão das práticas adotadas, conhecer as dificuldades em determinados aspectos da produção orgânica e, com isso, poderão prestar alguma assistência naquele ponto.

Comercialização

Os produtos orgânicos comercializados em lojas especializadas e mercados devem apresentar o selo SisOrg do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica, que é o órgão administrado pelo Ministério da Agricultura.

Os núcleos da OSM cultivam hortaliças, café e frutas para consumo próprio e para venda em cestas para encomendas e feiras. A comercialização também inclui alimentos processados, como café torrado e moído, geleias e doces, com alguns desses produtos chegando até a capital paulista, onde há várias centrais de distribuição para o Estado.

A venda dos alimentos cultivados pelos cooperados ocorre por meio da encomenda de cestas, com entregas semanais. Alguns produtos de parceiros também são colocados à disposição do consumidor, como arroz, feijão e mel.

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