Delivery, gasolina e preço dos carros explicam alta na venda de motos
Centro-Oeste teve o menor número de vendas com 9,8% do total de novos emplacamentos no país
Vinicius Marques
O preço da gasolina e dos carros novos e seminovos, somados à expansão do serviço de entregas, o delivery, tem impulsionado o mercado de vendas e produção de motocicletas em todo o país. A indústria chegou a produzir 671.293 mil unidades no primeiro semestre de 2022, um número 18% maior que as 568.863 mil unidades produzidas no mesmo período do ano passado, conforme dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
Já as vendas totalizaram 636.565 mil unidades no acumulado do ano, o que representa um aumento de 23,1% na comparação com o mesmo período de 2021, quando foram licenciadas 517.154 mil motocicletas. Em junho, houve queda de 9,4% nos emplacamentos com um total de 20.841 mil unidades ante as 133.344 mil unidades de maio. Com relação ao mesmo mês do ano passado (106.680 motocicletas) houve alta de 13,3%.
Com o aumento da produção, os preços também têm aumentado, chegando a valores acima da inflação. A Factor 125 iUBS, da Yamaha, estava custando R$11.790 no início do ano, agora em julho, o valor já estava em R$13,190, um aumento de 10,61%, enquanto a inflação no mesmo período teve um aumento de 10,06%.
Na linha da Honda também é observado um aumento dos preços, a fabricante de motos é a que mais emplaca no Brasil. Em janeiro de 2022, a Honda CG 160 Titan custava R$ 13.310. Com os reajustes em sequência após o início da guerra na Ucrânia, a versão Titan já não sai por menos de R$ 14.620 – alta de 8,96%.
Boom do delivery
Fabio Siqueira, tem uma empresa de entregadores para restaurantes e outros comércios. Ele conta que dos cerca de 100 entregadores que trabalham com ele, poucos estão pensando em trocar as motos, apesar de muitos precisarem. “A tendência é aguardar o preço estabilizar para poder comprar uma moto nova, apesar de vários precisarem renovar o instrumento de trabalho”, afirma Fábio.
A região Centro-Oeste em 2021 teve o menor número de vendas com 9,8% do total de novos emplacamentos no país, diferente da região Sudeste que representa um total de 38,7% dos emplacamentos de novas motocicletas no país.
Segundo o balanço, a categoria mais vendida foi a street (conhecidas também como city, são desenhadas para uso nas cidades) com 59.364 unidades e 49,1% de participação no mercado, seguida pela trail (motos mais leves, com suspensão de curso longo e para-lamas altos) que teve 24.213 motocicletas vendidas e foi 20% do mercado. A Motoneta aparece em terceiro lugar com 18.169 unidades e 15% de participação nas vendas.
As motocicletas de baixa cilindrada (até 160) chegaram às 100.499 unidades vendidas, o que representa 83,1% do mercado. Os modelos de 161 a 449 cilindradas tiveram 16.275 unidades emplacadas (13,5% do mercado), enquanto as motocicletas acima de 450 cilindradas registraram 4.067 emplacamentos (3,4%).
As motos de baixa cilindradas são justamente as usadas por entregadores e moto taxistas, sendo o que mais movimenta o mercado hoje. Fábio Siqueira também afirma que anima a alta do preço de motos usadas e os entregadores contam com esse aumento para poder renovar suas motos. “Uma moto usada bem conservada, hoje chega a valer muito mais do que quando foi comprada. Isso tem animado alguns entregadores na renovação dos seus veículos para trabalhar. Já que uma moto nova dá menos manutenção”. Conclui.
A moto mais vendida hoje é Honda CG, sendo a motocicleta favorita dos brasileiros, emplacando mais de 178 mil unidades no primeiro semestre, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Já as motos usadas tiveram alta. Os valores das motocicletas 0km tiveram um aumento médio de 0,56% no oitavo mês do ano, enquanto as seminovas (até 3 anos de uso) valorizaram 1,89%. Já as usadas (de 4 a 10 anos) registraram alta de 0,86%, em média.
Venda de motos elétricas cresce
Dados do Ministério da Infraestrutura mostram que só nos quatro meses de 2022 a frota de veículos elétricos em duas rodas emplacados no Brasil já é quase nove vezes maior em comparação ao ano de 2019.
A média dos preços de uma scooter em Goiânia é de R4 12 mil, mas os valores podem variar entre R$ 8,5 e R$ 14,5 mil. A facilidade para recarregar a bateria por completo é um dos principais atrativos. Basta ligar à tomada e esperar, em média, 3 horas. Cada carga completa dessas é capaz de fazer 50 km em a uma velocidade média de 60km/h.
Frota de veículos aumentou 20% em seis anos
A inexistência de uma regulação específica para as scooters é só mais um dos problemas do trânsito de Goiânia. Os condutores se deparam com ruas esburacadas, falta de sinalização e trânsito lento. Somado a isso, Goiás registrou um aumento no número de veículos em 2021. Dados do Detran apontam para o acréscimo de 3,5% da frota, passando de 4,17 milhões em 2020 para 4,23 milhões no ano passado.
Em apenas seis anos, o aumento no número de veículos no estado foi de 20,6%, o que corresponde a 738.971 carros, motos e caminhões a mais. O que mais chama a atenção nesses dados é que, de acordo com o Mova-se Fórum de Mobilidade, o que mais cresceu foi o número de pessoas que compraram veículos e ganham mensalmente entre dois e quatro mil reais.
De acordo com o Detran, o Estado tem 4,23 milhões de automóveis, sendo 1,2 milhão somente em Goiânia. Goiânia conta com 80 veículos a cada 100 habitantes. Aparecida de Goiânia aparece em segundo lugar no ranking, com 320 mil veículos. Com relação às motocicletas, são cerca de 920 mil em Goiás. O último estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostrou a Capital em 6° lugar no quesito maior frota de carros do Brasil. Na categoria motos, ficou em 4° lugar. (Especial para O Hoje)