Alta nas vendas de veículos causa redução no preço de usados
Quem se rendeu aos preços altíssimos pode amargar grandes prejuízos nos próximos meses
Após uma movimentação frenética no mercado de carros usados entre 2020 e 2021 no país. No ano passado, esses modelos ficaram até 24% mais caros, a depender do ano de fabricação.
No entanto, o mercado já dá fortes sinais de estabilização: de acordo com os dados da Fenauto (Federação Nacional dos Revendedores de Veículos), a média dos preços dos veículos usados caiu 7,5% no intervalo de três meses entre abril e junho deste ano. Isso quer dizer que quem se rendeu aos preços altíssimos pode amargar grandes prejuízos nos próximos meses.
Um dos grandes motivos é a venda de veículos automotores novos em setembro que registrou alta de 19,33% na comparação com o mesmo mês de 2021. No mês passado foram comercializados 335.304 unidades, ante 280.979 em setembro do ano passado. A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou hoje (4) os dados de setembro.
Outro motivo é a renovação de frota das locadoras de veículos. Desde maio, a participação do setor de locação nas compras de veículos novos tem aumentado, chegando a 32% do que foi vendido em julho. No primeiro semestre, foram mais de 220 mil veículos comprados por essas empresas. Isso significa que as locadoras colocarão parte dos seus automóveis usados à venda, comumente com preços atrativos.
Os especialistas também apontam para outro extremo: o consumidor que decidiu simplesmente não comprar carro nenhum, ou seja, desiste de tentar acompanhar a alta dos preços. Para se ter uma ideia, um levantamento da Serasa e Opinion Box mostra que a renda de 34% da população foi reduzida após dois anos de covid-19 – sem contar a perda do poder de compra causada pela inflação.
A baixa demanda, apesar da redução recente do preço dos combustíveis, o alto custo acumulado para abastecer o carro fez o consumidor perder o interesse pela troca de automóvel. No mês passado, as vendas de automóveis usados caiu 2,2%, acumulando redução de 18% ao longo do primeiro semestre. Estes dados são da Fenauto, Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores.
Nas lojas e também em feirões de carros, o ticket médio caiu. Os carros mais velhos, fabricados até 2009, representam a maior procura, com 1,9 milhão de unidades transacionadas no primeiro semestre. O cenário é diferente de 2021 onde os carros com até oito anos de fabricação foram os mais vendidos nas lojas.
Na comparação com agosto, as vendas registraram queda de 3,26% em setembro. Já no acumulado de janeiro a setembro deste ano, houve alta de 2,1% na comparação com o mesmo período do ano passado
Os dados da Fenabrave levam em conta as vendas de automóveis e comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas e implementos rodoviários.
Segmentos
As vendas de automóveis e comerciais leves tiveram elevação nas vendas em setembro de 26,76% em relação ao mesmo mês de 2021. Já na comparação com o mês anterior, agosto de 2022, houve queda de 7,12%. No acumulado do ano, foi registrada queda de 5,08% em relação ao mesmo período de 2021 para o segmento.
No caso dos caminhões, todos os índices ficaram negativos em setembro. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda é de 4,02%. Na comparação com agosto, a retração foi de 9,81%. De janeiro a setembro, a queda foi 1,8%, na comparação com o mesmo período de 2021.
“Essa queda se deve à falta de componentes e ao fato de que caminhão é algo muito específico, feito por encomenda, com tecnologia muito maior do que a dos outros veículos”.
As vendas de implementos rodoviários apresentaram crescimento de 7,73% na comparação com setembro do ano passado, mas tiveram queda de 5,39% ante agosto deste ano. No acumulado de janeiro a setembro a queda foi de 8,19%. (Especial para O Hoje)