Porto Rico privatiza energia elétrica e ainda sofre com apagões
Devido a falta de energia os portorriquenhos protestam em várias partes da ilha
Após passar meses sem eletricidade por causa do impacto do furacão Maria em 2017, o governo de Porto Rico anunciou uma “solução” para a crise energética: privatizar o monopólio público que era responsável pelo serviço básico.
Mesmo depois de quatro anos, a privatização da empresa de energia está longe de cumprir aquilo que havia sido prometido e todo o território está em uma situação de fragilidade em razão dos constantes fenômenos atmosféricos que o afetam.
Mesmo sob administração da Luma Energy, que começou em junho de 2021, a duração média dos cortes de energia piorou, afirma o professor especialista me saúde ambiental e mudanças climáticas, Jonathan Castillo Polanco. “Com a nova operadora da rede de distribuição e transmissão de energia, tudo mudou para pior. São dados públicos”.
De acordo com o especialista, os números do Departamento de Energia, órgão público que deve fiscalizar o monopólio privado, indicam que, em média, um cliente em Porto Rico passou 1.268 minutos sem energia durante o primeiro ano da Luma Energy.
Enquanto antes da chegada da empresa, calculou o especialista, o tempo era de 1.243 minutos, o que representa um acréscimo de 25 minutos.
Tudo isso apesar de o Congresso dos Estados Unidos ter destinado cerca de US$ 10 bilhões para a reconstrução do sistema elétrico após o ciclone Maria, que destruiu a infraestrutura.
Motivo da falha de eletricidade
Embora a crise tenha se originado há décadas, nos últimos cinco anos tem sido comum hospitais e escolas ficarem sem energia por horas, levando à dependência de geradores ou uso de lanternas.
O maior problema, é que se houver falha em alguma das ligações ou nas usinas geradoras de energia, todo o sistema ao redor do território é afetado. Devido aos constantes furacões, o sistema se torna vulnerável. Ou seja, quando há uma falha em uma usina de geração, todo o sistema fica desestabilizado e desliga”.
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Possível solução
Na ilha, destaca, dezenas de milhares de pessoas optaram por implementar sistemas de painéis solares com baterias em suas casas. Mas isso traz um problema de desigualdade, porque as comunidades pobres, que não têm capacidade econômica para adquiri-las, continuam conectadas à rede com problemas.
E este, será o principal desafio que Porto Rico enfrentará no futuro, quando investir o dinheiro destinado pelo governo dos EUA para buscar “justiça energética para todos”.
Mas o processo de reconstrução, estimado pela própria empresa pública da ilha, pode demorar cerca de 10 anos.
Dos US$ 10 bilhões alocados pelo Congresso, apenas cerca de US$ 40 milhões foram utilizados, devido às imposições burocráticas das agências americanas e da gestão da Luma Energy. Enquanto isso, os portorriquenhos continuam a lidar com apagões todos os dias.
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