Mulher salta do carro de motorista de aplicativo em Goiânia após suspeitar de sequestro; condutor foge do local
“Eu queria que fosse coisa da minha cabeça. Tirei o cinto devagar, abri a porta e me joguei”, conta a vítuma aos prantos
Walirrane Pereira Ramos, 26 anos, saltou do carro de um motorista de aplicativo, na madrugada desta última segunda-feira (19/12), após suspeitar que o condutor queria a sequestrar e estuprar. O caso aconteceu na Avenida Gonzaga Jaime, Vila Redenção, em Goiânia. Após fugir do local, o motorista enviou uma carta à vítima dias depois.
Segundo relato da jovem, quando saiu da casa de uma amiga, solicitou um motorista por meio de um aplicativo de carona para retornar a sua casa, situada no Setor Morada do Sol. Quando o veículo chegou, ela contou que o motorista fazia diversas perguntas a ponto de lhe incomodar e levantar suspeitas. Ela então acessou o aplicativo e viu que o motorista era diferente do que estava na foto. No registro do aplicativo se tratava de um idoso com cabelos grisalhos, mas quem conduzia o veículo era um homem jovem com cabelos pretos.
Amedrontada, Walirrane pediu para ele retornasse para onde a encontrou e mentiu que havia esquecido a chave na casa da amiga. Nesse momento, ele mudou de comportamento, de acordo com a vítima.
“Ele se alterou um pouco e começou a coçar o nariz como se a pessoa tivesse cheirado alguma droga. Ele perguntou quanto que eu pagaria, então falei que não importava o valor, porque não tinha como eu entrar na minha casa sem a chave. Ele então aceitou e eu liguei para um amigo para ele ficar no telefone comigo, porque estava com muito medo”, relatou a jovem.
Ainda conforme a vítima, o motorista apenas continuou seguindo em frente e começou a acelerar. Ela o perguntou se estava a levando para buscar a chave, mas ele não respondeu. Sem saber o que fazer, ela abaixou o vidro do carro, porém, sem nem chegar na metade, o condutor o subiu de novo. A jovem se desesperou e tentou mais uma vez, achando que teria se enganado, mas ele subiu o vidro outra vez.
“Eu queria que fosse coisa da minha cabeça. Depois que ele subiu o vidro de novo, eu tirei meu cinto [de segurança] devagar, abri a porta e me joguei”, contou Walirrane aos prantos.
Devido a queda e a velocidade do carro, a jovem teve ferimentos por todo corpo, principalmente na cabeça e nas mãos. Ela conta que ficou desacordada e recobrou a consciência com várias pessoas perguntando por que ela havia pulado do carro. Conforme a vítima, o motorista ainda estava no local, falando no celular dela com o amigo. Quando ela contou o que ocorreu para as pessoas, o motorista fugiu do local com a bolsa dela, mas deixou o celular.
Empresa é acionada
Com vários hematomas pelo corpo, Walirrane ficou internada no Hospital Estadual de Urgências de Goiás (Hugo) e recebeu alta somente nesta terça-feira (20). Ela acionou a empresa prestadora do serviço de carona para relatar o ocorrido e repassou todas as informações.
O jornal O Hoje procurou a Uber para esclarecimento sobre o fato. Em nota, a empresa informou que “repudia qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater e denunciar casos de assédio e violência”, e que ainda “se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações”.
Ainda sem comer, confusa e com muita dor na cabeça, a vítima ainda não procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência contra o motorista, mas disse que irá depor contra ele.
Carta do motorista
No final da tarde desta terça-feira, após Walirrane receber alta, alguém jogou a bolsa dela dentro de sua residência. Dentro da carta havia uma carta com o pedido de desculpas do motorista.
No bilhete, o condutor, que se identificou como “Uber”, afirmou que não foi da intenção dele fazer algum mal a ela e que usava o cadastro do pai pois a dele não havia sido aprovada ainda.
“Quero que saiba que em nenhum momento quiz fazer maldade com você, pois sou casado e tenho filhos. Estou passando por um momento difícil financeiramente, por isso estava usando a conta do meu pai, pois a minha conta ainda não foi aprovada por ser recente”, descreve o motorista na carta. (Veja a carta na íntegra no final)
O homem que dirigiu o veículo ainda contou que ele mesmo foi quem acionou a ambulância e que saiu do local pois estava com medo da reação das pessoas. Ainda justificou que somente percebeu que a bolsa dela ficou no carro quando chegou em casa.
O motorista ainda não foi encontrado.
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