O que você diria à Anita Malfatti se tivesse chance?
Em continuação de saga elogiada por Laurentino Gomes, escritora Mandi Castro insere o público jovem no contexto social e artístico da década de 1920 no Brasil
Anita Malfatti está na sala de casa enquanto lê para os amigos, Mário de Andrade e Di Cavalcanti, a crítica que Monteiro Lobato fez sobre uma de suas exposições. Ele desaprova as tendências artísticas da época e afirma que os talentos da pintora estão sendo gastos com uma “arte caricatural”. Ao escutar os argumentos do autor de ‘Sítio do Picapau Amarelo’, a adolescente Nina, que havia sido convidada a participar daquele encontro com pessoas famosas, defende Anita Malfatti.
Porém, o que uma menina do ensino médio está fazendo na casa de uma grande artista? Em ‘Nina Lafayette e o Salto Temporal’, continuação da saga de Mandi Castro, a protagonista viaja no tempo para salvar a humanidade. Com um enredo que mistura fantasia e ficção científica, a autora traz para a obra o contexto sociocultural da década de 1920 e mostra a influência da arte na formação histórica do País.
“A arte brasileira depende da realidade brasileira e é, ao mesmo tempo, reveladora dessa realidade. Por isso, nossa expressão é ainda em grande parte lírica. Como pode o Brasil ter uma arte trágica e grandiosa sem que se faça a revolução social? Como podemos pegar tamanha necessidade e representação e condensá-la em três dias?” (Nina Lafayette e o Salto Temporal, pg. 79)
Na trajetória, a garota contará com a ajuda do irmão, Martim, para fugir de um antigo guardião do tempo que quer destruí-los e roubar seus poderes. Por causa da força que detêm, os Lafayette serão perseguidos por Mestres do Tempo-Espaço. Em meio a esses acontecimentos, a personagem vivencia de perto situações que culminariam na Semana de Arte Moderna de 1922, como um diálogo entre Heitor Villa-Lobos e Di Cavalcanti para acertar detalhes do evento.
Já no primeiro volume da saga, ‘Martim Lafayette e o Contra-Tempo’, Mandi Castro leva o leitor a 1822. Naquele período, o Brasil enfrentava a luta pela independência da coroa portuguesa, dentro de um regime escravocrata e de exploração dos povos indígenas. O título foi descrito por Laurentino Gomes como uma leitura “divertida e bem fundamentada”.
Pós-graduada em Roteiro para o Audiovisual, a escritora tem ampla experiência com produção de textos no setor cultural. Com o primeiro volume da série ganhou o Prêmio Brasil entre Palavras, realizado pelos blogs CuraLeitura e As 1001, nas categorias ‘Melhor Romance de Época’, ‘Melhor Autora’ e ‘Capa Mais Bonita’ em 2020. Também foi finalista dos prêmios Odisseia Fantástica 2021, um dos maiores eventos do gênero de fantasia no Brasil, e Minuano de Literatura 2021, promovido pela Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul.
A autora
Formada em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Casper Líbero e em Ciências Contábeis pela Universidade de São Paulo (USP), Mandi Castro também circula no meio artístico por ser atriz profissional pela Escola de Atores Wolf Maya e pós-graduada em Roteiro para o Audiovisual na Fundação Armando Alvares Penteado. Atualmente, trabalha como assistente de produção executiva. Em sua carreira como escritora, lançou os livros ‘Adaptação do Amor – Minha Vida Antes dos 30’, ‘Martim Lafayette e o Contra-Tempo’ e ‘Nina Lafayette e o Salto Temporal’. Com a primeira obra da saga de fantasia, recebeu elogios de Laurentino Gomes, além de ter sido finalista do Prêmio Minuano de Literatura 2021 e do Prêmio Odisseia Fantástica 2021.