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sábado, 23 de novembro de 2024
Contexto histórico

Relatório do Cimi revela aumento de suicídios entre indígenas no Brasil

Casos de suicídio crescem 56% em 2023, com jovens e homens sendo os mais afetados; conflitos territoriais e racismo agravam situação, apontam especialistas

Postado em 15 de outubro de 2024 por Luana Avelar

O relatório anual do Conselho Missionário Indigenista (Cimi) apontou um aumento nos casos de suicídio entre os povos indígenas no Brasil. Em 2023, foram registrados 180 suicídios, comparados aos 115 casos em 2022. Esse crescimento coloca o tema como uma preocupação urgente, especialmente nos estados de Amazonas, Mato Grosso do Sul e Roraima, que lideram os índices, com 66, 37 e 19 registros, respectivamente.

De acordo com os dados, a maioria dos suicídios ocorreu entre homens, representando 69,4% dos casos, e a faixa etária mais afetada é a de 20 a 59 anos. No entanto, o relatório traz um alerta preocupante sobre o aumento de casos entre os mais jovens: 59 indígenas com até 19 anos cometeram suicídio em 2023, representando mais de um terço do total registrado no ano anterior. Esse dado chama atenção para a vulnerabilidade da juventude indígena diante desse problema.

Além dos dados estatísticos, um estudo realizado pela Fiocruz em parceria com a Universidade de Harvard, divulgado em setembro de 2023, reforça que o suicídio entre os povos indígenas não pode ser tratado apenas como uma questão psicológica. Segundo a pesquisa, fatores contextuais e culturais, como conflitos territoriais, crises sanitárias e racismo estrutural, também desempenham um papel fundamental no aumento desses índices. O epidemiologista Jesem Orellana, um dos coautores da pesquisa, explica que esses fatores são agravados por questões econômicas e políticas que afetam diretamente a vida dessas populações.

Os estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul, que lideram as estatísticas, também são mencionados no estudo como áreas de maior vulnerabilidade social e violência, o que agrava ainda mais a situação das comunidades locais. Orellana destaca que esses suicídios são, em grande parte, o reflexo de um contexto histórico de marginalização e violação de direitos. Ele ressalta que o suicídio entre os povos indígenas é um grave problema de saúde pública, frequentemente invisibilizado pelas autoridades e pela sociedade.

 

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