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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Procedimento SUS

Hecad e Hemu fazem procedimento de separação de siameses pelo SUS

Sem o custeio do SUS, o procedimento inteiro pode ultrapassar o valor de R$ 1 milhão para os pacientes

Postado em 19 de outubro de 2024 por João Reynol
Cirurgião pediátrico Zacarias Calil se prepara com sua equipe para fazer a implantação de prótese em gêmeas siamesas/Foto: Divulgação/Hecad

Na manhã desta segunda-feira (17), as duas gêmeas siamesas paulistas Kiraz e Aruna, de apenas um ano, foram o 23º paciente a começar o procedimento de separação feito pelo Hospital Estadual da Mulher (Hemu) e pelo Hospital Estadual da Criança e do Adolecente (Hecad). As duas gêmeas, que são unidas no abdômen, tórax, bacia, fígado, intestino, genitália e ânus foram submetidas à implantação de expansores de pele. Esta é a primeira etapa antes que a cirurgia seja feita e pode demorar de dois a três meses. 

 

A primeira operação no Estado ocorreu em 2000 quando as gêmeas siamesas Larissa e Lorrayne finalmente puderam ter seus rumos separados. Desde então, a saúde de Goiás também é referência na operação de separação de pessoas unidas, além de outras áreas da medicina . Tanto que o índice de sobrevivência da cirurgia no Estado chega a 50%, mais que o dobro do índice mundial de apenas 20%. Além disso, todo o custeio da operação é pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que ultrapassa mais de R$ 1 milhão se somados a implantação de expansores, UTI, cirurgia de separação, exames e tratamento ambulatorial.

 

As garotas Kiraz e Aruna, que vieram de São Paulo para serem operadas, são pacientes do cirurgião pediátrico Zacarias Calil que se estabeleceu como expert na área por todo o País. De acordo com o médico, para O HOJE, o procedimento de separação é algo que demanda uma análise completa de um caso para que a cirurgia seja feita. “[Esse tipo de cirurgia] é de um risco enorme porque são criadas unidas que podem dividir órgãos.”

 

Devido a raridade dos casos, não há uma fila de espera para fazer a separação. Além disso, de acordo com o médico, não existe uma idade limite para que tal operação seja feita em uma pessoa nem muitos casos onde impossibilite o procedimento. A inviabilidade do procedimento só ocorre quando duas pessoas dividem um coração ou pulmão. Para as garotas paulistas que se unem no intestino, por exemplo, apenas irão perder uma perna, contudo, não deverão perder outro órgão além desse. Após todos os trabalhos serem feitos, é esperado pelo especialista que as duas garotas tenham uma vida normal.

 

De acordo com o cirurgião, a primeira cirurgia a que as gêmeas foram submetidas foi para promover o crescimento de uma segunda camada de pele que deverá substituir a camada unificada no outro corpo.  “Nós colocamos os expansores de silicone debaixo da pele e depois de um mês inflamos com soro fisiológico para estimular o crescimento da pele. Depois disso, nós avaliamos a evolução para garantir que tudo ocorra dentro do esperado. Dentre os riscos, podem ocorrer a infecção ou rejeição dos expansores, nestes casos, nós retiramos esse material.”

 

Além dos trabalhos do Calil como cirurgião pediátrico, a equipe responsável pelos trabalhos é empregada por médicos da área: cirurgia plástica, urologia pediátrica, ortopedia pediátrica, cirurgia do aparelho digestivo e hemodinâmica. Além dos efetivos médicos, é empregada novas tecnologias pela equipe multidisciplinar como impressão 3D de biomaterial e realidade avançada. De acordo com o diretor–geral do Hecad, Ronny Rezende, fica feliz pelo procedimento ser realizado pelo SUS.

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