91 anos de Goiânia: onde o verde encontra qualidade de vida e harmonia
Em meio aos prédios imponentes e bairros residenciais, quem vive na capital de Goiás encontra-se submerso em uma onda verde dos parques e bosques.
Esta quinta-feira, 24 de outubro, amanheceu com um ar de festividade e comemorações. Isso porque Goiânia, a capital de Goiás, ou como ficou conhecida ao longo dos anos, a capital verde do Brasil, celebra seu 91º aniversário. O momento, para muitos goianienses de nascimento ou de coração, convida à uma reflexão sobre a trajetória de uma cidade que soube unir desenvolvimento e qualidade de vida ao longo do tempo.
Pelo menos é o que afirmam alguns moradores que fizeram questão de contar suas experiências vivendo na cidade, à reportagem do jornal O HOJE. Mas antes disso, vamos a um breve resumo da história desta capital tão amada pelos goianos. A verdade é que a trajetória de Goiânia, é marcada por um contexto histórico que reflete transformações sociais, políticas e econômicas profundas.
Desde a proclamação da República, em 1889, a discussão sobre a transferência da capital da antiga cidade de Goiás, conhecida como Vila Boa, já era uma pauta recorrente. Com a nova ordem republicana, a velha capital, que havia prosperado durante o ciclo do ouro no século XVIII, começou a experimentar um lento declínio. A Constituição de 1891, que manteve a capital em Goiás, parecia desconsiderar as mudanças no cenário econômico que se desenhavam.
Com o fim do ciclo aurífero, ou seja, o fim do período do ouro, a cidade de Goiás perdeu sua hegemonia, enquanto regiões mais ao Sul do estado, voltadas para a agricultura e a pecuária, começaram a emergir como centros econômicos. Nesse contexto, o Estado vivia um momento de crise, com um crescimento populacional que demandava novas soluções e oportunidades de desenvolvimento.
A Revolução de 1930 foi um marco nesse processo. O movimento, liderado por estados como Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, resultou na ascensão de Getúlio Vargas ao poder. Ele revogou a Constituição de 1891 e governou por decretos, nomeando interventores estaduais para implementar suas políticas. Em Goiás, o médico Pedro Ludovico Teixeira assumiu a interventoria, trazendo consigo um novo espírito de mudança.
Mudança da capital do Estado
Pedro Ludovico, figura emblemática e progressista, se opôs à oligarquia política que dominava a velha Goiás e enxergou a necessidade de revitalizar o Estado. Para ele, a mudança da capital não era apenas uma questão administrativa, mas uma estratégia de desenvolvimento.
Em 1932, para concretizar essa visão, Pedro Ludovico instituiu uma comissão presidida por D. Emanuel Gomes de Oliveira. Esta comissão foi encarregada de estudar as melhores localizações para a nova capital, levando em conta fatores como topografia, hidrologia e clima. Após um rigoroso processo de avaliação, a comissão decidiu que uma fazenda nas proximidades do povoado de Campinas seria o local ideal para a edificação da nova cidade.
Em 18 de maio de 1933, o decreto estadual nº 3359 foi publicado, oficializando a escolha da área, que abarcava as fazendas Crimeia, Vaca Brava e Botafogo. A cerimônia de lançamento da pedra fundamental ocorreu em 24 de outubro do mesmo ano, data que não foi escolhida ao acaso, mas sim para homenagear os três anos da Revolução de 1930. O engenheiro e urbanista Attilio Corrêa Lima foi encarregado de projetar a nova capital, que prometia ser um modelo de planejamento urbano.
O nome da nova cidade também se tornou um tema de grande debate. Um concurso promovido pelo jornal O Social buscava sugestões para o nome da nova capital, com “Petrônia”, em homenagem a Pedro Ludovico, e “Goiânia” sendo os principais concorrentes. Curiosamente, “Petrônia” recebeu 68 votos, enquanto “Goiânia” obteve menos de 10. Contudo, por razões que nunca foram totalmente esclarecidas, Pedro Ludovico decidiu optar por Goiânia, formalizando a escolha por meio de um decreto em 2 de agosto de 1935.
Entre o urbano e o acolhedor charme irresistível de Goiânia
Ao longo dos anos, Goiânia se desenvolveu, tornando-se um centro urbano vibrante, repleto de cultura, vida social e economia dinâmica. Desde sua fundação, a cidade se destaca não apenas por sua modernidade, mas também por preservar um charme acolhedor que remete à vida no interior.
Para Ana Paula Lima, professora de 28 anos, viver em Goiânia é uma experiência enriquecedora. “É uma cidade que consegue unir o desenvolvimento urbano com a qualidade de vida. Os parques, como o Vaca Brava e o Bosque dos Buritis, são ótimos para relaxar e ter contato com a natureza no meio da cidade”, comenta. Ana Paula destaca que, apesar da evolução, Goiânia não perdeu seu calor humano, um aspecto que se torna evidente nas festas típicas, como a Festa de Trindade e o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), que a fazem sentir-se em casa.
João Marcos Gomes, empresário de 45 anos, também expressa sua admiração pela cidade. “Goiânia tem um equilíbrio que me agrada muito: é moderna, mas não perdeu aquele clima de interior”, afirma. Para ele, a cidade oferece acesso a bons serviços e uma vida cultural vibrante, marcada por festivais de música sertaneja e eventos de moda. “Celebrar os 91 anos de Goiânia é também celebrar essa mistura do moderno com o tradicional”, completa.
A jovem estudante de arquitetura Clara Gonçalves, de 22 anos, que se mudou de Minas Gerais para Goiânia, vê a cidade como um lugar repleto de história e beleza. “O traçado arquitetônico planejado, com largas avenidas e muitas áreas verdes, é um diferencial que valorizo”, explica. Clara também ressalta o centro histórico, com seus edifícios art déco, que representam a identidade visual da cidade. “Eventos como o Bananada trazem arte e música, mostrando como Goiânia, aos 91 anos, ainda consegue se reinventar sem deixar de lado suas raízes”, destaca.
Antônio Pedro Souto, aposentado de 65 anos, testemunhou a evolução de Goiânia desde a década de 70. “Moro aqui desde que a cidade era muito menor, e é impressionante ver como cresceu sem perder a essência de um lugar tranquilo”, relembra. Para ele, as feiras, como a Feira Hippie e a Feira do Sol, são símbolos da cultura popular local. “A gastronomia, com o pequi e o empadão goiano, é uma das coisas que me fazem gostar tanto daqui”, diz Antônio, que vê nas tradições a alma da cidade.
Marina Mendes, médica ginecologista de 34 anos, destaca a qualidade de vida que Goiânia proporciona, especialmente para aqueles que buscam um ambiente acolhedor. “Além de ser uma cidade com boa infraestrutura, o clima é agradável e as pessoas são muito receptivas”, observa. Para Marina, as festas regionais e a música sertaneja fazem parte da alma goiana, enriquecendo a experiência de viver na cidade.
“O aniversário de 91 anos reforça o quanto Goiânia tem a oferecer em termos de cultura, lazer e modernidade, sempre respeitando suas raízes”, conclui.