276 pessoas no Brasil perderam a visão após participarem de mutirões de cirurgias de catarata
Em Mato Grosso, 14 pessoas tiveram complicações oculares após um mutirão de cirurgias, resultando em processos judiciais e pedidos de investigação pelo Ministério Público
Nos últimos 15 anos, ao menos 276 pessoas no Brasil perderam a visão, parcial ou totalmente, após participarem de mutirões de cirurgias de catarata. Em situações mais graves, algumas precisaram remover o globo ocular. Recentemente, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) emitiu recomendações de segurança para esses mutirões, após nove pessoas terem o globo ocular removido devido a infecções em um mutirão realizado nos dias 27 e 28 de setembro em Parelhas, no Rio Grande do Norte. A prefeitura da cidade contabilizou 15 pessoas com sintomas de endoftalmite após as cirurgias.
A endoftalmite é uma infecção comum em casos pós-cirúrgicos de mutirões e exige tratamento com antibióticos para evitar que a inflamação se espalhe para o cérebro. Em casos severos, a recomendação é a retirada do globo ocular, com uso de prótese apenas estética.
O governo do Rio Grande do Norte declarou ter solicitado mais informações à prefeitura, à empresa responsável pelo mutirão e à maternidade onde as cirurgias ocorreram. Segundo o governo, a prefeitura custeou o mutirão com recursos próprios, e há suspeitas de falhas na gestão dos procedimentos, principalmente em relação à esterilização. As vítimas estão sendo atendidas no Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal.
Casos semelhantes já ocorreram em outras regiões
Em 2016, 22 pacientes de São Bernardo do Campo foram diagnosticados com endoftalmite aguda após o uso de instrumentos não esterilizados pela equipe médica, incluindo o uso do mesmo bisturi em 27 pessoas. A prefeitura da cidade afirmou que essas vítimas continuam recebendo acompanhamento médico e assistência social.
Em 2019, em Mato Grosso, 14 pessoas tiveram complicações oculares após um mutirão estadual, resultando em processos judiciais e pedidos de investigação pelo Ministério Público. O governo de Mato Grosso afirmou ter descontinuado os mutirões e agora prioriza a redução de filas de espera com cirurgias realizadas em hospitais especializados. Em todos esses casos, as cirurgias foram conduzidas por empresas terceirizadas contratadas pelos municípios.