Apenas 23% dos Municípios oferecem acesso a mamografias pelo SUS
O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, com patamares diferenciados entre as Regiões
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. A maioria dos casos, quando tratados adequadamente e em tempo oportuno, apresentam bom prognóstico e possibilitam melhores resultados estéticos.
Em todo o Brasil, existem 6.420 mamógrafos, com 3.197 deles em uso no Sistema Único de Saúde (SUS). Esses equipamentos estão distribuídos em 1.306 municípios, de um total de 5.569 cidades brasileiras. No entanto, apenas 206 municípios oferecem atendimento público especializado para mulheres que buscam cuidados de mastologistas.
Além disso, 344 especialistas estão vinculados ao SUS e atendem nesses locais. Em um mês em que a prevenção ao câncer de mama é reforçada, o Movimento Mulheres Municipalistas (MMM), ligado à Confederação Nacional de Municípios (CNM), destaca a necessidade de investimento do governo federal em ações de saúde para mulheres.
O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, com patamares diferenciados entre as Regiões .A taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada por idade pela população mundial, foi de 12,3 óbitos por 100 mil mulheres, em 2022.
As Regiões Sul e Sudeste têm as maiores taxas (13,60 e 13,16 óbitos por 100 mil mulheres, respectivamente), seguidas do Centro-oeste (12,06 óbitos por 100 mil mulheres), Nordeste (10,78 óbitos por 100 mil mulheres) e Norte (9,73 óbitos por 100 mil mulheres) (Instituto Nacional de Câncer, 2024a). A queda observada nos anos de 2020 e 2021 possivelmente se relaciona à pandemia, quando os óbitos por covid-19 podem ter sido uma causa concorrente.
O Movimento Mulheres Municipalistas se preocupa com a falta de financiamento do Ministério da Saúde para exames preventivos e de mamografia. Em razão disso, os municípios precisam complementar a tabela de valores do SUS, considerados insuficientes. O valor pago pelo Ministério da Saúde por exame de mamografia é de R$45, e, por exame citopatológico, é de R$14,37.
Em algumas regiões, os municípios chegam a complementar o valor da mamografia até o dobro. Além disso, os municípios também custeiam consultas com especialistas e o transporte para que as mulheres possam acessar os serviços especializados.
O Dr. Alexandre Marchiori, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional Goiás, destaca a importância da mamografia como exame de rastreamento para o câncer de mama. Ele enfatiza que a função principal da sociedade não é criar estratégias de políticas públicas, mas sim fomentar conhecimento científico e levar informações de qualidade à população.
”Existem diferentes tipos de mamógrafos, desde tecnologia convencional até tomossíntese, com variações de preço. necessário regionalizar os serviços de mamografia para que as pessoas tenham acesso mais fácil e ágil”, pontua.
Os Dados do DataSUS revelam que, nos primeiros seis meses de 2024, o SUS realizou 2 milhões de mamografias em 795 municípios, um número insuficiente para atender às necessidades da população feminina brasileira. Considerando que mais de 15 milhões de mulheres entre 50-69 anos devem realizar esse exame a cada dois anos, conforme recomenda o INCA (2015), é necessário expandir o acesso a mamografias no país.
O MMM recomenda a necessidade urgente de ampliação de acesso e investimento do governo federal, quanto ao financiamento destes exames junto aos Municípios, visando fortalecer e aprimorar as ações de promoção à saúde, em especial a esse agravo que acomete tantas mulheres nessa faixa etária em todo o país, contribuindo para a melhoria dos indicadores de saúde e o bem-estar da população e o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Dr. Marchiori ressalta que não adianta fazer uma mamografia se a paciente não tiver acesso ao resultado ou ao tratamento subsequente. Ele defende que os governos precisam planejar estratégias para garantir que as populações tenham acesso à mamografia de forma eficaz. “É fundamental garantir que as pacientes com resultados positivos sejam encaminhadas para tratamento adequado”.
A Comissão Nacional de Mamografia reforça a recomendação de rastreamento mamográfico anual para mulheres a partir dos 40 anos e repudia todas as formas de fake news e disseminação de informações falsas, que podem levar algumas mulheres a não realizarem a mamografia, com desfecho em diagnósticos tardios e tumores avançados