Distanciamento de Mabel favorece recondução de Policarpo à presidência
Ainda que tenha potencial para articular dentro da Câmara, prefeito eleito vai figurar como mero espectador da movimentação dos vereadores. Ideia é começar gestão sem qualquer contencioso político
O prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), tem dado sinais de que não deve se envolver com as articulações pela presidência do Legislativo Municipal. Neste momento, Mabel está debruçado sobre os dados entregues pela prefeitura de Goiânia ao grupo de transição liderado por ele. Os indicadores vão, como mostrado pelo O HOJE, balizar as estratégias que serão adotadas por sua equipe assim que o governo começar, em janeiro do ano que vem.
Os primeiros ensaios sugerem um cenário de desafios a partir de 2025. Diante disso, o que se comenta neste momento é que não há outro caminho senão o de enxugar os gastos e encontrar novos meios para alavancar a arrecadação municipal. Para isso, Mabel vai, e sabe disso, precisar dos vereadores.
O empresário vai precisar, a partir do ano que vem, quando tomar posse como prefeito de Goiânia, de uma relação pacífica com o Parlamento. A garantia de governabilidade é vista como uma necessidade sem precedentes para fazer valer a promessa de uma gestão revolucionária.
Em meio ao entrave silencioso, discreto, quase que invisível, pela presidência do Legislativo goianiense é que Mabel tem se posicionado de maneira neutra, imparcial. O novo gestor eleito aparentemente não vai entrar nessa queda de braço. Apesar disso, uma não posição é, também, uma forma de posicionamento. Por isso, o que se comenta nos bastidores é que esse comportamento ajuda um único nome: o de Romário Policarpo (PRD), atual presidente.
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Que Mabel não vai entrar em bola dividida, isso é um fato. Ainda que tenha potencial para articular dentro da Casa a futura presidência, vai se limitar a assistir a luta dos vereadores pelo espaço e, claro, começar sua gestão sem qualquer contencioso político.
Policarpo, por sua vez, é o líder do grupo dominante. Diante da possibilidade de reeleição, garantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e um contexto de baixa renovação política da Casa de Leis, tem tudo para terminar reconduzido.
Um grupo que ensaia se opor a Romário na disputa é o do MDB, comandado no Estado pelo vice-governador Daniel Vilela. O partido quer a posição por, primeiro, ter eleito a maior bancada da casa e, segundo, ter ficado de fora da chapa majoritária na corrida pela prefeitura de Goiânia.
Se o governador Ronaldo Caiado (UB), o vice, Daniel Vilela, e o prefeito eleito tivessem interesse em empurrar um nome na disputa, as chances do partido mais que dobrariam. No entanto, o cenário não parece esse. Ao que tudo indica, as lideranças vão deixar com que as coisas fluam naturalmente, sem intervenções.
Isso, na visão de uma das fontes do alto escalão da Câmara, pode ser traduzido da seguinte forma: a tendência natural é que o Parlamento mantenha pelos próximos anos os mesmos grupos, as mesmas lideranças e, consequentemente, os mesmos mandatários. Esse coletivo é encabeçado justamente pelo atual presidente da Casa. Há quem arrisque, inclusive, que já foi batido o martelo acerca de seu nome para o próximo biênio.