Novembro Azul: urologistas ainda enfrentam estigmas sobre o exame de toque
Especialistas destacam que cuidar da saúde não é fragilidade, mas um ato de coragem!
Apesar dos esforços do Novembro Azul, campanha dedicada à conscientização sobre o câncer de próstata, o exame de toque retal continua envolto em preconceitos entre os homens. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens brasileiros, com cerca de 65 mil novos casos diagnosticados anualmente. No entanto, muitos evitam o exame, temendo julgamentos ou associando o procedimento a uma suposta perda de masculinidade.
Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostra que 47% dos homens entre 40 e 70 anos nunca realizaram o exame de toque. A resistência, alimentada por barreiras culturais e desinformação, tem consequências graves: diagnósticos tardios, tratamentos mais invasivos e maior mortalidade. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que homens com menos conhecimento sobre saúde masculina têm 60% mais chances de evitar consultas preventivas.
O urologista Jailson Campos diz que o primeiro passo para combater o preconceito é a educação. “Sempre explico aos pacientes que o exame é rápido, seguro e essencial para detectar problemas precocemente. É preciso desmistificar essas ideias e reforçar que cuidar da saúde é um ato de responsabilidade”, afirmou em entrevista ao portal BNews. Ele também enfatiza que abordar o exame como um ato de coragem ajuda a desconstruir a ideia de que a masculinidade está em risco.
O urologista Filipe Prado, também em entrevista para o BNews, falou sobre uma abordagem descontraída para lidar com pacientes hesitantes. “Costumo dizer que a ida ao urologista pode ser sigilosa, um segredo entre nós”, brinca. Para ele, a confiança no médico e o diálogo aberto são cruciais. “Nem todos precisam realizar o exame de toque logo na primeira consulta. É fundamental entender as preocupações do paciente e trabalhar para superar essas barreiras”.
O que é o Exame de Toque e o que ele pode identificar?
Também conhecido como exame de próstata, o procedimento pode ajudar no diagnóstico do câncer de próstata, além de localizar tumores anorretais e doenças como prostatite, fissura e fístula anal.
O toque retal é feito, normalmente, durante a consulta médica e não há preparações para realizá-lo.
Com o uso de luvas, o profissional de saúde lubrifica o dedo indicador que será introduzido no reto — proporção final do intestino grosso. Para facilitar a protrusão da mucosa anal, o médico pode solicitar que o paciente faça uma força similar à de defecar.
A partir de então, o médico insere o dedo no ânus, passando pelo reto até chegar à próstata — glândula localizada abaixo da bexiga, com o tamanho de uma noz — que deve ser apalpada para verificar o seu tamanho, seu tamanho e presença de nódulos palpáveis durante o toque.
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