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quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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Moeda de troca

Mudanças nas regras das emendas preocupam municípios

Recursos estavam sendo utilizados como moeda de troca por apoio político

Postado em 21 de novembro de 2024 por Bruno Goulart
Mudanças nas regras das emendas preocupam municípios
Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Nos últimos anos, o Congresso ampliou sua influência sobre o Orçamento da União, utilizando as emendas parlamentares como moeda de troca por apoio político. Agora, com novas regras aprovadas e aguardando sanção presidencial, o modelo de destinação desses recursos está prestes a mudar.

As medidas prometem maior transparência e rastreabilidade, além de ajustes nas modalidades de repasse, o que pode redefinir o planejamento orçamentário e a execução de políticas públicas em Estados e municípios. Contudo, a controvérsia gira em torno dos impactos reais dessas mudanças, especialmente diante de denúncias sobre desvios e mau uso das verbas destinadas aos prefeitos.

O que muda nas emendas parlamentares?

O texto aprovado pelo Congresso reforça a obrigatoriedade de destinar pelo menos 50% das emendas de comissão à área da saúde, restabelecendo uma norma que havia sido retirada pelo Senado durante a tramitação do projeto. Além disso, o número de emendas de bancada foi reduzido de 10 para 8 por Estado, enquanto as chamadas “emendas Pix” (transferências especiais) terão critérios mais rígidos para sua destinação.

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Essas mudanças vêm no rastro da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o repasse das emendas impositivas em agosto, devido à falta de transparência e à ausência de critérios claros de rastreabilidade. A decisão, baseada em uma determinação do ministro Flávio Dino, foi um marco no debate sobre o uso de recursos públicos. O STF já havia declarado inconstitucional o orçamento secreto
em 2022, intensificando a pressão por reformas nas emendas parlamentares.

Além disso, a nova proposta prevê um “teto” para o crescimento das emendas impositivas, alinhado às regras do arcabouço fiscal. Com isso, busca-se controlar o aumento constante desses repasses, que
têm representado uma fatia crescente do orçamento federal, ultrapassando R$ 50 bilhões em 2023.

Impactos para os municípios

Os municípios brasileiros, especialmente os de pequeno e médio porte, são diretamente impactados pelas mudanças. As emendas parlamentares têm sido uma das principais fontes de financiamento para obras e serviços em áreas como saúde, infraestrutura e educação. A alocação desses recursos, no entanto, enfrenta alguns problemas, como a clareza na aplicação ou, em suma, corrupção no âmbito municipal. A obrigatoriedade de destinar metade das emendas de comissão à saúde é vista como um avanço por especialistas e gestores públicos. Em um cenário onde a demanda por serviços básicos e restrições orçamentárias é grande, os municípios poderão contar com recursos mais previsíveis para a área, o que tende a melhorar o planejamento e a execução de políticas públicas.

Por outro lado, a maior rigidez nas transferências especiais (emendas Pix) pode ser um ponto de temente lida com a corrupção, do âmbito federal a municipal,
representa um passo importante para evitar desvios e melhorar a fiscalização.

Relação entre os poderes

A disputa em torno das emendas também revela uma reconfiguração nas relações entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O governo Lula, que controla cerca de R$ 111 bilhões do Orçamento, busca utilizar as mudanças como uma ferramenta para fortalecer sua articulação política e retomar o protagonismo na execução de políticas públicas. Já o Congresso, que vem aumentando sua participação nos
investimentos federais, resiste a perder autonomia sobre os recursos.

O STF, por sua vez, reforça seu papel como guardião da Constituição, impondo critérios mais rígidos para a alocação de recursos públicos. Essa dinâmica tem gerado tensões,
mas também abre caminho para um diálogo mais equilibrado entre os Poderes.

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