Polícia Federal indicia Bolsonaro e mais 36 por tentativa de golpe de Estado
Ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados são indiciados por tentativa de golpe em 2022
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras figuras de seu governo por crimes relacionados a uma tentativa de golpe de Estado em 2022. O ex-presidente é acusado de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A investigação se concentra em ações que visaram manter Bolsonaro no poder após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições daquele ano.
Além de Bolsonaro, outros quatro nomes foram indiciados. O general da reserva do Exército, Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa derrotada em 2022, também está entre os acusados. O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o policial federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, completam a lista.
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O relatório final da PF, que conta com mais de 800 páginas, foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, cabe à Procuradoria Geral da República (PGR) decidir se denunciará os indiciados ao STF. Se aceitas, as denúncias levarão os acusados a se tornarem réus e a enfrentarem julgamento.
As penas previstas para os crimes são severas. Para o golpe de Estado, os indiciados podem ser condenados a uma pena de 4 a 12 anos de prisão. No caso da abolição violenta do Estado democrático de Direito, as penas variam entre 4 e 8 anos. A participação em uma organização criminosa pode resultar em 3 a 8 anos de prisão.
O indiciamento inclui também uma lista extensa de 37 pessoas, como mostrado no relatório da PF. A investigação revelou uma estrutura organizada de grupos dedicados a diferentes aspectos da tentativa de golpe. Entre os núcleos identificados estão os de desinformação e ataques ao sistema eleitoral, incitação de militares, e apoio operacional às ações golpistas.
A Polícia Federal iniciou as investigações no ano passado, logo após a eleição de Lula e antes de sua posse, quando começaram a surgir sinais de uma tentativa de desestabilização do governo. Ao longo de quase dois anos de apurações, a PF obteve provas por meio de ações como quebras de sigilos telemáticos, telefônicos, bancários e fiscais, além de colaborações premiadas, buscas e apreensões.
Segundo o relatório, os envolvidos se organizaram em grupos com tarefas específicas, o que permitiu individualizar as condutas de cada um. As investigações revelaram que havia uma clara divisão de funções entre os membros, com a criação de núcleos responsáveis por várias atividades. Entre esses núcleos, destacam-se os de inteligência paralela e o operacional, que tinha como objetivo garantir o cumprimento de medidas coercitivas.
A entrega do relatório final marca o fim das investigações sobre as tentativas de golpe de Estado e a abolição violenta do Estado democrático de Direito. No entanto, o desfecho dependerá da avaliação do STF e da PGR, que irão decidir sobre o prosseguimento do processo. A sociedade aguarda agora os próximos passos em um caso que pode ter grandes repercussões políticas e jurídicas.