O técnico da seleção brasileira, Dorival Jr, demonstrou preocupação com o crescente número de jogadores estrangeiros no futebol nacional. Durante o CBF Summit, evento realizado nesta terça-feira (26) em São Paulo, o treinador destacou que o limite atual de nove estrangeiros por clube, aprovado em março por unanimidade pelos clubes da Série A, pode impactar negativamente a formação de talentos brasileiros. Ele direcionou sua crítica ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, sugerindo a necessidade de um debate para rever essa política.

Dorival citou como exemplo o caso da Itália, que, ao permitir equipes com até 11 estrangeiros, viu suas seleções ficarem fora das duas últimas Copas do Mundo, consequência, segundo ele, de uma redução no espaço para jogadores locais em seus campeonatos. O treinador alertou que o Brasil pode enfrentar um problema semelhante. “De 20 clubes da Série A, 12 possuem centroavantes estrangeiros. Isso impacta diretamente a formação de novos talentos. Os jovens saem prematuramente para a Europa e finalizam sua formação lá. Isso pode nos custar caro no futuro, quando não tivermos quem vender ou quem aproveitar na seleção”, afirmou Dorival.

Os clubes mineiros, por exemplo, seguem essa tendência. O Atlético conta atualmente com nove estrangeiros, o limite permitido: os argentinos Saravia, Battaglia, Fausto Vera e Zaracho, o paraguaio Junior Alonso, o equatoriano Alan Franco, o chileno Eduardo Vargas, o colombiano Palacios e o uruguaio Maurício Lemos. Já o Cruzeiro, embora em menor escala, também aposta em atletas de fora, com cinco argentinos em seu elenco: Villalba, Lucas Romero, Álvaro Barreal, Lautaro Díaz e Dinenno.

Dorival reconhece que Ednaldo Rodrigues não pode mudar essa regra de forma unilateral, mas acredita que a CBF deve liderar a discussão para evitar que o aumento de estrangeiros comprometa o desenvolvimento do futebol brasileiro a longo prazo.