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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
História

Pesquisadores afirmam ter descoberto como as pirâmides foram construídas

A descoberta da antiga via fluvial ajuda a explicar a concentração de pirâmides entre Gizé e Lisht, na atual região desértica do Saara

Postado em 9 de dezembro de 2024 por Leticia Marielle
Pesquisadores afirmam ter descoberto como as pirâmides foram construídas. | Foto: Reprocução/Canva

Cientistas da Universidade da Carolina do Norte em Wilmington, nos Estados Unidos, acreditam ter desvendado um dos maiores mistérios da arqueologia egípcia: a maneira como as 31 pirâmides, incluindo o célebre complexo de Gizé, foram construídas há mais de 4 mil anos. A equipe de pesquisa descobriu que as pirâmides provavelmente foram erguidas ao longo de uma antiga ramificação do Rio Nilo, que havia sido perdida e agora se encontra escondida sob desertos e terras agrícolas.

Por séculos, arqueólogos acreditavam que os egípcios antigos utilizavam uma via navegável próxima para transportar materiais pesados, como os blocos de pedra usados nas construções. No entanto, até o momento, a localização exata dessa via, bem como seu formato e proximidade em relação aos locais das pirâmides, era incerta. “Ninguém tinha certeza da localização, da forma, do tamanho ou da proximidade dessa megavia navegável”, afirmou o professor Eman Ghoneim, um dos autores do estudo.

Utilizando uma combinação de tecnologias avançadas, como imagens de radar via satélite, mapas históricos, levantamentos geofísicos e sondagem de sedimentos, a equipe foi capaz de mapear o “braço” do rio que, segundo eles, desapareceu há milênios devido a uma grande seca e tempestades de areia.

O radar permitiu aos cientistas “penetrar a superfície da areia e produzir imagens de características ocultas”, revelando rios soterrados e estruturas antigas na região. Esses achados estão localizados nas encostas da área que abriga a maior parte das pirâmides do Antigo Egito.

A ramificação do Rio Nilo, batizada de Ahramat, pirâmide em árabe, tinha cerca de 64 quilômetros de comprimento e variava entre 200 e 700 metros de largura. A descoberta dessa antiga via fluvial ajuda a explicar a concentração de pirâmides entre Gizé e Lisht, na atual região desértica do Saara, onde estão os sepultamentos do Médio Império. A proximidade dessa via com as pirâmides sugere que ela estava em uso ativo e operacional durante a construção dos monumentos.

A ramificação do Rio Nilo, batizada de Ahramat, pirâmide em árabe, tinha cerca de 64 quilômetros de comprimento e variava entre 200 e 700 metros de largura. | Foto: Reprodução/Canva

As pirâmides

As pirâmides do Egito continuam a fascinar o mundo com sua grandiosidade e complexidade. Estas imponentes estruturas de alvenaria foram erigidas pela antiga civilização egípcia, sendo, em sua maioria, túmulos destinados aos faraós e suas consortes, principalmente durante os períodos do Reino Antigo e Médio. Até novembro de 2008, estimava-se que entre 118 e 138 pirâmides haviam sido identificadas no país.

As mais antigas pirâmides egípcias conhecidas estão localizadas em Sacará, ao noroeste de Mênfis. A pirâmide de Djoser, construída entre 2630 a.C. e 2611 a.C., é a mais antiga e a primeira a ser erguida com uma estrutura de alvenaria revestida. Projetada por Imhotep, um arquiteto e polímata da época, essa pirâmide marca um marco histórico na arquitetura monumental e é considerada a mais antiga estrutura desse tipo no mundo.

No entanto, as pirâmides de Gizé, localizadas nos arredores do Cairo, são as mais famosas e emblemáticas. Entre elas, destaca-se a pirâmide de Quéops, a maior de todas, com uma altura original superior a 140 metros. A pirâmide de Quéops é a única das Sete Maravilhas do Mundo Antigo que ainda permanece de pé, simbolizando a durabilidade e o legado da engenharia egípcia.

A forma das pirâmides egípcias, geralmente em formato de pirâmide de base quadrada, era carregada de simbolismo. Acredita-se que elas representassem o montículo primordial, do qual os egípcios acreditavam que o mundo havia surgido. Além disso, a pirâmide também simbolizava os raios descendentes do Sol. Muitas dessas estruturas eram revestidas com pedra calcária branca, polida e altamente reflexiva, o que conferia às pirâmides um brilho impressionante quando vistas à distância, ampliando seu impacto visual.

Embora o consenso seja de que as pirâmides tinham como principal função servir como túmulos funerários, o propósito espiritual dessas construções é ainda um tema de debate entre os estudiosos. Uma das teorias mais aceitas sugere que as pirâmides eram concebidas como “máquinas de ressurreição”, projetadas para permitir que a alma do faraó falecido ascendesse aos céus. Acreditava-se que a escuridão do céu noturno, em torno da qual as estrelas giravam, era a porta de entrada para o reino dos deuses. Na Grande Pirâmide, um dos eixos que se estende da câmara funerária aponta diretamente para o centro dessa região celeste, indicando que a pirâmide teria sido projetada para conduzir espiritualmente o faraó rumo à morada dos deuses.

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