O uso de durvalumabe no tratamento do câncer de pulmão reduz em 27% o risco de morte
A aprovação da Anvisa baseou-se nos resultados do estudo de fase 3 ADRIATIC, que avaliou a segurança e eficácia do durvalumabe em 730 pacientes
No final de novembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova indicação para o durvalumabe, uma imunoterapia usada no tratamento de diversos tipos de câncer. Agora, os médicos podem utilizar o medicamento para tratar um câncer de pulmão agressivo, com a possibilidade de reduzir em até 27% o risco de morte de pacientes após o tratamento com quimioterapia e radioterapia.
Essa nova indicação destina-se a pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado, ou seja, que ainda não se espalhou para outras partes do corpo, não apresentou metástase. A aprovação ocorreu em um momento em que os pacientes com esse tipo de câncer não tinham novas opções de tratamento há 20 anos.
O câncer de pulmão de pequenas células é o tipo mais agressivo da doença e apresenta uma evolução rápida. O prognóstico é desfavorável, com apenas 15% a 30% dos pacientes sobrevivendo por cinco anos após o diagnóstico. Especialistas afirmam que esse tipo de câncer está frequentemente associado a pacientes com histórico de tabagismo prolongado e idade avançada.
Por muitos anos, os tratamentos para esse câncer em estágio limitado não evoluíram, devido à natureza agressiva da doença e à resposta insatisfatória às terapias existentes. No entanto, a recente aprovação do durvalumabe representa um avanço significativo nesse cenário.
A imunoterapia tem demonstrado aumentar a sobrevida dos pacientes. A aprovação da Anvisa baseou-se nos resultados do estudo de fase 3 ADRIATIC, que avaliou a segurança e eficácia do durvalumabe em 730 pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado.
Os pacientes foram aleatoriamente divididos para receber uma dose fixa de 1.500 mg de durvalumabe, com ou sem tremelimumabe 75 mg, a cada quatro semanas, por até quatro doses, seguidas de durvalumabe a cada quatro semanas por até 24 meses. O estudo comparou essas terapias com um placebo e revelou que 57% dos pacientes tratados com durvalumabe estavam vivos após três anos de acompanhamento.
Como a imunoterapia funciona?
O durvalumabe já é uma imunoterapia aprovada para o tratamento de outros tipos de câncer, como o câncer de pulmão de pequenas células extensivo, com metástase, cânceres de pulmão de células não pequenas, entre outros, conforme explicam os especialistas. A imunoterapia bloqueia um mecanismo do organismo que impede o sistema imunológico de reconhecer o câncer.
Com isso, o sistema imunológico começa a identificar e combater o tumor. Para que um tumor se desenvolva, ele cria formas de “escapar” do sistema imunológico, permitindo sua evolução. A imunoterapia, como o durvalumabe, ajuda o sistema de defesa a retomar a identificação do tumor, agindo como se removesse uma proteção que o câncer tem contra o sistema imunológico.