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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
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Registro Civil

Mais de 10 mil nascimentos prematuros são registrados em Goiás

Número é menor que o ano de 2022 que registrou 9.966 casos; Especialista reforça a importância do pré-natal como forma de prevenção

Postado em 9 de janeiro de 2025 por Letícia Leite
A prematuridade é caracterizada pelo nascimento que acontece antes do término da 37ª semana de gestação. Foto: Daniel Teixeira

Goiás registrou o nascimento de 91.805 crianças em 2023. Destas, 10.452 nasceram de forma prematura, correspondendo a 11,3% dessa população, segundo o Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). 

Um levantamento realizado pelo O HOJE junto ao Hospital Estadual da Mulher (HEMU) revelou que, apenas esse hospital registrou no ano de 2024, 1.831 nascimentos prematuros, número menor que 2023, que contabilizou 1.960, esses números são de todos nascidos com gestação menor que 37 semanas. Independente de nascidos vivos ou não.

A prematuridade é caracterizada pelo nascimento que acontece antes do término da 37ª semana de gestação. Ela é dividida em três categorias, conforme a idade gestacional: prematuridade extrema (de 22 até menos de 28 semanas), prematuridade severa (de 28 até menos de 32 semanas) e prematuridade moderada a tardia (de 32 até menos de 37 semanas).

Vários fatores contribuem para o surgimento da prematuridade, abrangendo aspectos genéticos, sociodemográficos, ambientais e, sobretudo, aqueles ligados à gravidez. Entre os fatores mencionados, estão as condições socioeconômicas desfavoráveis, o cuidado pré-natal insuficiente, a gestação em jovens mães ou em mulheres mais velhas, um histórico de partos múltiplos, intervalos curtos entre as gestações, desnutrição da mãe, consumo de tabaco, e infecções bacterianas ou virais, entre outros.

De acordo com a ginecologista e obstetra Ramylla Magalhães, a maior parte dos casos de nascimentos prematuros podem ser prevenidos. “A prematuridade pode ser prevenida em alguns casos, com rastreio infeccioso e medida de colo no ultrassom morfológico, além de avaliar fatores de risco para prematuridade durante o pré natal”, explica. 

A especialista destaca que além disso, existem algumas condições que podem ser detectadas durante o pré-natal e que, se tratadas, podem ajudar a prevenir o parto prematuro e outras complicações. 

“O risco de parto prematuro pode ser identificado através de medida de colo no ultrassom morfológico, quando o colo é curto, menor que 2,5 cm, podemos fazer intervenções cirúrgicas e com medicações para evitar esse trabalho de parto. Além de tratar infecções como corrimentos, infecção de urina e outras infecções”, continua.

Ramylla ressalta a importância de que a gestante comece o pré-natal de maneira antecipada, recebendo uma avaliação cuidadosa para identificar potenciais riscos pré-existentes, além de realizar todos os exames indicados nos momentos adequados. “Exames como a ultrassom morfológica, deve ser realizada no tempo certo (entre 20-24 semanas). Além disso, alterações na forma do útero, parto prematuro anterior, mioma, pode ser rastreado”. 

Normalmente, considera-se que um feto alcança a viabilidade – isto é, a capacidade de sobreviver fora do útero – a partir das 25 semanas de gestação, com um peso mínimo de 500 gramas. Contudo, a mortalidade entre os recém-nascidos que são considerados prematuros extremos varia entre 30% e 45%, e menos da metade dos que sobrevivem se desenvolvem sem apresentar deficiências ou problemas de saúde. 

A cada semana adicional de gestação, as chances de sobrevivência aumentam, enquanto o risco de sequelas diminui. Mas mesmo bebês que nascem apenas alguns dias antes do ideal ainda correm um risco elevado de desenvolver paralisia cerebral leve e atrasos no desenvolvimento. 

“O nascimento prematuro tem diversas consequências, como maior risco de retinopatia da prematuridade, autismo, alterações no desenvolvimento cognitivo, maior tempo de internação, enterocolite necrotizante”, reforça a profissional.

Magalhães destaca a necessidade de acompanhamento contínuo, mesmo para aqueles prematuros que foram liberados do hospital em boa saúde. “Geralmente a pediatria segue com avaliação rigorosa, sempre com idade gestacional corrigida, para avaliar alterações mesmo a longo prazo”, finaliza. 

As principais causas de nascimentos prematuros e os cuidados

A ruptura prematura da bolsa é mais comum entre adolescentes grávidas ou mulheres mais velhas, aquelas com malformações uterinas, com má nutrição, e que consomem bebidas alcoólicas, fumam ou utilizam outras substâncias ilícitas durante a gravidez. O risco é ainda maior em gestações múltiplas e quando a placenta está posicionada de forma inadequada no útero. 

Mesmo em casos onde a causa é irreversível, a gestante pode ser submetida a um monitoramento mais frequente e, se necessário, a internação hospitalar, além de receber medicamentos que ajudem a acelerar a maturação dos órgãos do bebê e tentar prolongar a gestação o máximo possível.

Infecções bacterianas, especialmente as urinárias, assim como as de transmissão sexual, são também fatores significativos de prematuridade. As infecções sexualmente transmissíveis podem ser identificadas por meio de exames de laboratório e podem ser prevenidas com práticas de sexo seguro. 

Por outro lado, a infecção urinária é bastante frequente durante a gravidez e muitas vezes não apresenta sintomas nesse período. No entanto, um desconforto abdominal atípico ou um aumento repentino na frequência urinária podem indicar problemas, e tratar a infecção com antibióticos pode ajudar a prevenir o trabalho de parto prematuro.

Quanto à hipertensão, ela é a principal responsável por complicações na gestação, além de ser a maior causa de mortalidade materna e perinatal no Brasil. Estima-se que cerca de 15% das mulheres grávidas apresentam pressão alta durante a gestação, e um quarto dos partos prematuros ocorre em decorrência dessa condição. Por essa razão, a medição da pressão arterial é uma das etapas fundamentais nas consultas de pré-natal.

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