Fevereiro Roxo: conscientização sobre o Alzheimer
Campanha busca ampliar a informação sobre a doença e incentivar o diagnóstico precoce
A Doença de Alzheimer (DA) é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a forma mais comum de demência em idosos. Caracteriza-se pela deterioração cognitiva e da memória, comprometendo progressivamente as atividades diárias e manifestando-se por sintomas neuropsiquiátricos e alterações comportamentais. No Brasil, estima-se que cerca de 1,2 milhão de pessoas sofram de demência, com 55% dos casos atribuídos ao Alzheimer. A cada ano, aproximadamente 100 mil novos casos são diagnosticados.
A DA ocorre quando o processamento de certas proteínas no sistema nervoso central apresenta falhas, resultando em fragmentos tóxicos que se acumulam dentro dos neurônios e nos espaços entre eles. Essa toxicidade leva à perda progressiva de neurônios em regiões cerebrais como o hipocampo, responsável pela memória, e o córtex cerebral, essencial para linguagem, raciocínio e pensamento abstrato. Embora a causa exata ainda seja desconhecida, acredita-se que fatores genéticos desempenhem um papel significativo.A evolução da doença é lenta e geralmente dividida em quatro estágios:
Inicial: alterações na memória, personalidade e habilidades espaciais;
Moderado: dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos, além de agitação e insônia;
Grave: resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer e deficiência motora progressiva;
Terminal: restrição ao leito, mutismo, dor à deglutição e infecções intercorrentes.
O primeiro sintoma mais característico é a perda de memória recente. Com a progressão, surgem sintomas mais graves, como perda de memória de longo prazo, irritabilidade, falhas na linguagem e desorientação temporal e espacial.
Sinais de Alerta
Reconhecer os sinais iniciais do Alzheimer é crucial para um diagnóstico precoce e manejo adequado. Entre os principais sintomas estão:
- Esquecimento de eventos recentes;
- Repetição frequente de perguntas;
- Dificuldade em acompanhar conversas ou pensamentos complexos;
- Incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;
- Dificuldade para dirigir ou encontrar caminhos conhecidos;
- Problemas para encontrar palavras que expressem ideias ou sentimentos;
- Mudanças de comportamento, como irritabilidade, agressividade ou tendência ao isolamento.
O diagnóstico precoce permite intervenções que podem retardar a progressão dos sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer, incluindo medicamentos que ajudam a retardar a evolução da doença.
Como prevenir o Alzheimer?
Embora não haja uma forma de prevenção específica para o Alzheimer, médicos acreditam que manter a mente ativa e adotar hábitos saudáveis podem retardar ou até inibir a manifestação da doença. As principais recomendações incluem:
- Estudar, ler e manter a mente ativa;
- Praticar jogos que estimulem o raciocínio;
- Participar de atividades em grupo;
- Não fumar e evitar o consumo de álcool;
- Manter uma alimentação saudável e equilibrada;
- Realizar atividades físicas regularmente.
O geriatra Dr. Antônio Vasconcelos ressalta: “A adoção de um estilo de vida saudável é fundamental não apenas para a prevenção do Alzheimer, mas também para outras doenças crônicas. Manter-se fisicamente ativo, socialmente engajado e mentalmente estimulado pode fazer uma diferença significativa na saúde cognitiva.”
O Impacto do Fevereiro Roxo
A campanha Fevereiro Roxo tem como objetivo alertar sobre a importância de exames preventivos e diagnósticos, aumentar o nível de informação sobre os sintomas das doenças e estimular a busca por orientação profissional. A neurologista Dr. Rúbia Almeida destaca: “A conscientização é uma ferramenta poderosa no combate ao Alzheimer. Informar a população sobre os sinais precoces e a importância do diagnóstico precoce pode levar a intervenções mais eficazes e a uma melhor qualidade de vida para os pacientes.”
Segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, o número de pessoas com demência poderá chegar a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população. Esse cenário evidencia a necessidade de estratégias globais para enfrentar essa crise de saúde pública.
Além dos desafios enfrentados pelos pacientes, a doença também impõe um grande impacto aos familiares e cuidadores. O desgaste emocional e físico de acompanhar a progressão da doença pode ser exaustivo, exigindo paciência, dedicação e conhecimento. Muitas famílias se veem obrigadas a reorganizar suas rotinas para garantir a segurança e o bem-estar do paciente, ao mesmo tempo em que lidam com o sofrimento de ver um ente querido perder a memória e a autonomia. O apoio psicológico e o acesso a informações qualificadas são fundamentais para que os familiares possam enfrentar essa jornada com mais preparo e resiliência.
Fevereiro Roxo serve como um lembrete da importância da conscientização, prevenção e diagnóstico precoce do Alzheimer. Ao adotar hábitos saudáveis e estar atento aos sinais iniciais, é possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, além de contribuir para a redução da incidência da doença no futuro.