Com demanda em alta, preço dos ovos sobem 50%
O aumento se deve à substituição da carne por avos na alimentação dos brasileiros
Se você consome ovos regularmente, seja como principal fonte de proteína, ingrediente essencial para fabricação de alimentos ou até mesmo como parte da dieta diária, provavelmente já sentiu o peso do aumento expressivo no preço deste produto.
Nos últimos dias, o valor do ovo disparou em Goiânia, afetando tanto consumidores finais quanto comerciantes que dependem dele para seus negócios. A alta chega a 50% em algumas localidades, tornando o produto mais caro e dificultando sua reposição nos estoques de atacadistas e supermercados.
O aumento dos preços está diretamente relacionado a um conjunto de fatores. O primeiro deles é o crescimento da demanda, impulsionado pelo encarecimento das carnes, que levou muitos consumidores a buscarem o ovo como alternativa mais acessível de proteína. Além disso, a proximidade da Quaresma tradicionalmente aquece o consumo, já que muitas pessoas reduzem ou eliminam a carne do cardápio nesse período.
Outro fator relevante é o crescimento das exportações brasileiras de ovos, o que reduz a disponibilidade do produto no mercado interno. Para completar, muitas granjas optaram por descartar aves menos produtivas, diminuindo a produção e contribuindo para a menor oferta do produto. De acordo com Reinara Araújo Motobu, gerente da Komatto Distribuidora de Ovos, as granjas não estão conseguindo atender totalmente os pedidos: “Peço 70 caixas e recebo apenas 40. Toda semana o preço sobe”. Marcos Café, presidente da Associação Goiana de Avicultura (AGA), destaca que o mercado está superaquecido e as granjas enfrentam dificuldades para acompanhar a demanda crescente.
O cenário de Goiânia reflete uma tendência nacional. No Brasil, o preço dos ovos subiu 10,6% apenas em janeiro de 2025, comparado ao mês anterior, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Esse aumento se deve à substituição da carne por ovos na alimentação dos brasileiros, diante do alto custo das proteínas de origem animal.
Em 2024, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) registrou um consumo recorde de 263 ovos por pessoa, número 21 unidades maior que o registrado no ano anterior. Para 2025, a expectativa é de um novo crescimento de 1%, atingindo 265 ovos per capita. A produção nacional também deve seguir essa tendência de alta, com um crescimento estimado de 3,4% em relação a 2024, chegando a 3,94 bilhões de dúzias.
No mercado externo, as exportações de ovos devem alcançar 22 mil toneladas em 2025, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. A ausência de casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em aves comerciais no Brasil fortalece o status do país como um fornecedor seguro no cenário internacional.
Apesar dos desafios enfrentados pelos consumidores com os reajustes nos preços, a projeção para o setor de ovos em 2025 ainda é positiva. A produção deve crescer para atender à demanda aquecida, o que pode contribuir para uma estabilização nos valores ao longo do ano.
No entanto, fatores como custos de insumos para a produção, cenário econômico e flutuações na exportação devem continuar influenciando o comportamento do mercado. Diante desse cenário, consumidores e comerciantes precisam monitorar os preços e buscar estratégias para lidar com o impacto da alta nos custos desse produto essencial na alimentação brasileira.
Com a projeção de crescimento da demanda, a busca por alternativas para contornar os altos preços se torna essencial. Para os consumidores, a compra direta de produtores locais ou em feiras pode ajudar a encontrar valores mais acessíveis.
Para os comerciantes, a diversificação de fornecedores pode ser uma estratégia viável para garantir uma oferta constante e com menor impacto financeiro. Resta acompanhar a evolução do mercado e torcer para que os ajustes econômicos favoreçam tanto produtores quanto consumidores.
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