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segunda-feira, 10 de março de 2025
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Saúde

Brasil registra 585 amputações de pênis por ano, conforme dados da SBU

No último balanço, Goiás figurava entre os 15 estados brasileiros com mais registros desse tipo de procedimento cirúrgico

Postado em 6 de fevereiro de 2025 por Eduarda Leão
Amputações de pênis
| Foto: freepik

O câncer de pênis é uma doença rara, mas seus números no Brasil são alarmantes. Apesar de ser um dos poucos tipos de câncer que podem ser prevenidos com medidas simples, milhares de homens são diagnosticados anualmente, e muitos precisam enfrentar a amputação parcial ou total do órgão. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), mais de 5,8 mil homens tiveram o pênis amputado na última década, o que corresponde a uma média de 11 cirurgias desse tipo por semana e 585 amputação do órgão por ano. Os principais fatores de risco incluem higiene inadequada, infecção pelo HPV, tabagismo e fimose não tratada.

“Apesar de ser um dos poucos tipos de câncer que podem ser prevenidos, o Brasil ainda apresenta preocupantes índices relativos ao câncer de pênis, especialmente nas regiões Norte e Nordeste”, alerta o urologista Luiz Otavio Torres, presidente da SBU.

Entre janeiro de 2007 e novembro de 2022, um total de 205 homens em Goiás precisou se submeter a uma cirurgia de amputação peniana. Os dados foram levantados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com o Ministério da Saúde, e refletem um problema de saúde que ainda exige atenção no estado e em todo o país.

Com esse número expressivo de casos, no último balanço oficial, Goiás figurava entre os 15 estados brasileiros com mais registros desse tipo de procedimento cirúrgico. No ranking nacional, o estado ocupa a 13ª posição, considerando as 26 unidades federativas do Brasil, além do Distrito Federal.

A doença está fortemente associada às condições socioeconômicas e ao baixo nível de informação sobre higiene íntima. A falta de acesso a serviços de saúde e a ausência de campanhas efetivas de conscientização resultam em diagnósticos tardios, quando a doença já está em estágios avançados.

Segundo Maurício Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU, “o câncer de pênis acometeu mais de 20 mil homens brasileiros na última década, muito pela falta de higiene adequada do pênis e pela ausência de uma vacinação em massa contra o HPV, que é um fator de risco significativo”. A doença, além de mutilante, tem uma taxa de mortalidade significativa: entre 2014 e 2023, foram registradas mais de 4.500 mortes causadas por esse tipo de tumor, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

As principais formas de prevenção são simples e acessíveis. Manter uma higiene adequada do pênis é essencial: a lavagem deve ser feita diariamente com água e sabão, puxando o prepúcio para limpar a glande. Especialistas alertam que a urina e outras secreções acumuladas podem provocar inflamações, favorecendo o desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas.

A vacinação contra o HPV é outra medida fundamental. Disponível no SUS para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos e imunossuprimidos até 45 anos, a vacina previne infecções pelo papilomavírus humano, que está diretamente relacionado ao desenvolvimento do câncer de pênis. Na rede privada, qualquer pessoa pode se imunizar.

A postectomia, que consiste na remoção do prepúcio, pode ser indicada para homens com fimose, uma condição em que a pele que recobre a glande é muito apertada e impede a higienização adequada. Esse procedimento reduz drasticamente o risco de infecções e do desenvolvimento de tumores.

Sintomas e Tratamento

O câncer de pênis é mais comum entre homens com mais de 50 anos, mas pode ocorrer em jovens. Os principais sintomas incluem: feridas que não cicatrizam; sangramento sob o prepúcio; secreção com odor forte;espessamento ou mudança na cor da pele da glande; nódulos na virilha.

Ao perceber qualquer um desses sinais, o homem deve procurar um urologista imediatamente. O diagnóstico precoce é essencial para evitar tratamentos mais agressivos. Nos estágios iniciais, a retirada do tumor com margens de segurança é suficiente. Entretanto, em casos avançados, pode ser necessária a amputação parcial ou total do pênis.

Conscientização e ações de prevenção

A SBU realiza anualmente a Campanha de Prevenção ao Câncer de Pênis, promovendo mutirões de postectomia e divulgação de informação sobre higiene e prevenção. A entidade reforça que medidas simples podem evitar a doença e salvar vidas.

Luiz Otavio Torres, presidente da SBU, alerta: “Nosso maior objetivo é informar os homens que é possível prevenir o câncer de pênis e, caso ele surja, diagnosticá-lo precocemente para evitar a mutilação”.

Com campanhas educativas e acesso ampliado a procedimentos como a postectomia e vacinação, a esperança é reduzir drasticamente os casos dessa doença evitável e devastadora. A informação e a prevenção são as maiores armas contra o câncer de pênis.

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