UB e Republicanos no Congresso: entre Caiado, Freitas e uma possível aliança com Lula em 2026
União Brasil têm se dividido entre Caiado e o governo Lula, enquanto o Republicanos parece seguir com Tarcísio e o Planalto tentando neutralizar oposicionistas
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A eleição de Davi Alcolumbre (União Brasil) para a presidência do Senado e de Hugo Motta (Republicanos) para o comando da Câmara dos Deputados consolida a influência desses partidos no Congresso Nacional, mas também revela as tensões e estratégias que moldarão o cenário político rumo à eleição presidencial de 2026. A escolha dos novos líderes do Legislativo, com mandatos válidos para o biênio 2025-2026, ocorre em um momento de reconfiguração das forças de oposição ao governo Lula, com partidos buscando unidade interna e definindo seus projetos para os próximos anos.
No Senado, Davi Alcolumbre foi eleito com 73 dos 81 votos, retornando ao comando da Casa após um primeiro mandato entre 2019 e 2021. Sua vitória confirma a força do União Brasil no processo legislativo, mas também expõe as divisões internas do partido, que inclusive, frustrou o projeto de federação com Republicanos – UB deve se formar apenas com o PP.
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Com seu retorno à presidência do Senado, Alcolumbre terá papel central na condução de alguns projetos, como a PEC dos militares, a segunda fase da Reforma Tributária e o novo Código Eleitoral. No entanto, sua liderança será testada pela disputa interna entre alas que apoiam o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, como candidato presidencial em 2026, e aqueles que preferem manter uma postura mais pragmática, alinhada aos interesses de Alcolumbre e de setores do partido. E é justamente isso que deve impactar – ou não – a sucessão presidencial.
Já na Câmara, Hugo Motta assume a presidência com 444 votos, tornando-se o deputado mais jovem a ocupar o cargo. Sua eleição foi articulada por Arthur Lira (PP), que deixa o comando da Casa após quatro anos de mandato marcados por forte influência política e capacidade de negociação. Motta, que tem uma relação próxima com Lira e com o senador Ciro Nogueira (PP), herda uma agenda legislativa complexa, que inclui a análise de projetos como a PEC da Segurança Pública, a Reforma da Renda e a polêmica proposta de anistia a envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. Seu sucesso dependerá da capacidade de manter a distribuição de emendas parlamentares, uma das marcas da gestão de Lira, e de equilibrar as demandas de uma base aliada diversa e fragmentada.
Caiado vs Tarcísio vs Lula
O fortalecimento do Republicanos e do União Brasil no Congresso também reflete a busca por unidade na oposição ao governo Lula. Marcos Pereira, presidente do Republicanos, já sinalizou a intenção de unir a direita em torno de um projeto comum, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como principal nome da sigla para 2026. Por outro lado, o União Brasil enfrenta o desafio de superar suas divisões internas, especialmente em relação à possível candidatura de Ronaldo Caiado. Enquanto parte do partido, como ACM Neto, apoia Caiado, Alcolumbre tem se movimentado para defender seus próprios interesses, o que pode levar a uma fragmentação ainda maior.
Nos bastidores políticos, especula-se que uma eventual oferta de mais um ministério ao União Brasil por parte do governo Lula pode ser decisiva para alinhar a sigla ao Planalto e, consequentemente, frustrar o projeto presidencial do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Atualmente, o UB já detém três pastas no governo federal: Turismo (com Celso Sabino), Comunicações (Juscelino Filho) e Integração e Desenvolvimento Regional (Waldez Góes). E a oferta de um quarto ministério poderia ser o elemento que faltava para consolidar esse alinhamento, minando as chances de Caiado de se lançar como candidato. Para o Planalto, a estratégia é clara: ao ampliar a participação do UB no governo, Lula busca neutralizar uma possível candidatura oposicionista e fortalecer sua base de apoio no Congresso.