Embora seja uma condição natural do envelhecimento, a andropausa ainda é amplamente desconhecida pela população masculina. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 57% dos homens nunca ouviram falar sobre a andropausa, um problema de saúde que afeta muitos, mas que frequentemente é ignorado. 

Popularmente conhecida como “menopausa masculina”, a andropausa está relacionada à queda nos níveis de testosterona, afetando diretamente o bem-estar dos homens e impactando sua qualidade de vida.

A andropausa, ou Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), é caracterizada pela redução gradual da testosterona no corpo masculino. Esse hormônio é essencial para diversas funções vitais, como o desenvolvimento muscular, a libido, a saúde óssea e a produção de células sanguíneas. O processo de envelhecimento afeta essa produção, com uma média de queda de 1,2% ao ano nos níveis de testosterona, normalmente entre os 40 e 55 anos. Entre os sintomas mais comuns estão a perda de energia, diminuição da massa muscular, disfunção erétil, alterações de humor e diminuição da libido.

A condição é muitas vezes confundida com a menopausa feminina, mas, ao contrário das mulheres, os homens permanecem férteis mesmo durante a andropausa. Mesmo assim, a redução da testosterona pode afetar seriamente a saúde física e mental. Para o urologista João Cardoso, especialista no tratamento da andropausa, o grande desafio está na falta de percepção dos homens em relação a esses sintomas. “A maioria dos homens tende a ignorar os sinais e adiar a procura por um médico, muitas vezes chegando ao consultório em estágios avançados do problema”, explica o urologista.

Diagnóstico e tratamento: quando é necessário repor a testosterona?

Embora os sintomas sejam claros, muitos homens só buscam ajuda médica quando as dificuldades começam a interferir significativamente em suas vidas diárias. O diagnóstico da andropausa é feito por meio de exames que medem a dosagem de testosterona no sangue. O valor considerado normal para os níveis do hormônio é de 300 ng/dl, conforme as orientações da SBU e do Conselho Federal de Medicina (CFM). Quando a dosagem está abaixo desse valor, o médico pode investigar mais profundamente a causa da deficiência e, dependendo do caso, recomendar a reposição hormonal.

A reposição de testosterona, entretanto, deve ser feita com cuidado. Seu uso inadequado pode levar a uma série de efeitos colaterais, como ginecomastia (crescimento das mamas), hipertensão arterial, hipertrofia cardíaca, aumento do colesterol e até mesmo um maior risco de infarto. O uso de testosterona também não é indicado para homens com histórico de câncer de próstata, especialmente em estágios avançados da doença, devido ao risco de agravamento da condição.

A importância do estilo de vida saudável 

Embora o tratamento com reposição hormonal seja uma opção viável, a adoção de um estilo de vida saudável pode ajudar a controlar os sintomas da andropausa e, em muitos casos, até mesmo reduzir a necessidade de medicação. A prática regular de exercícios físicos, uma alimentação balanceada, a redução do consumo de álcool e a cessação do tabagismo são medidas fundamentais para a manutenção da saúde hormonal. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) enfatiza que esses hábitos contribuem para a melhora do metabolismo e ajudam a controlar os níveis de testosterona de maneira natural.

Além disso, a ANHP (Associação Nacional de Hospitais e Prestadores de Serviços de Saúde) aponta que a abordagem multidisciplinar é essencial no tratamento da andropausa. Isso pode incluir medicamentos específicos para tratar sintomas como a disfunção erétil e apoio psicológico para lidar com os impactos emocionais do envelhecimento. A orientação de um nutricionista também é valiosa, pois uma dieta equilibrada, com a redução de gorduras saturadas, alimentos processados e açúcar, pode ajudar a manter os níveis hormonais sob controle.

A conscientização sobre a andropausa ainda é um grande desafio, mas é fundamental que os homens busquem informações e cuidados para prevenir complicações graves. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais eficaz pode ser o tratamento, garantindo uma vida saudável e equilibrada. Portanto, é essencial que os homens estejam atentos aos sinais de seu corpo e se sintam motivados a procurar ajuda médica regularmente, para que a andropausa não seja um fator limitante em sua qualidade de vida.