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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
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Imunização

Goiás contabiliza mais de 8 mil casos de Dengue e duas mortes

Além dos dois óbitos que foram confirmados, outros 20 estão sob investigação

Postado em 12 de fevereiro de 2025 por Letícia Leite
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Além da dengue, outras arboviroses, como chikungunya e a zika, também são disseminadas pelo Aedes aegypti. Foto: Raul Santana/Fiocruz

Em 2025, o Estado de Goiás já registrou 8.322 mil casos de dengue, com duas mortes confirmadas e outras 20 sob investigação, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). No ano anterior, Goiás enfrentou uma epidemia, com 321 mil casos confirmados e 429 mortes.

Além da dengue, outras arboviroses, como a chikungunya, que já registrou 141 casos, e a zika, também são disseminadas pelo Aedes aegypti, o que destaca a importância de eliminar os focos de água parada, já que no início do ano, quando o clima está mais quente e as chuvas se intensificam, ocorre um aumento na disseminação do mosquito. 

De acordo com a médica infectologista, Marina Roriz, os sintomas da dengue são divididos por fases, com início pela febril. “Nos primeiros dias, costumam aparecer febre, geralmente abrupta, que pode ser baixa e também pode ser bem alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor no corpo, nas articulações e muita indisposição. É comum também aparecerem manchas avermelhadas na pele, que podem coçar muito”. 

Para a professora, Josenilda Leite, os primeiros sintomas vieram acompanhados de muita dor de cabeça e mal estar, logo após vieram a febre e os enjoos. “De início pensei que estava com uma crise de enxaqueca, com muita dor nos olhos e sensibilidade à claridade. Logo em seguida meu corpo começou a ficar febril e sem força”.

Para casos mais graves, os sinais de alerta são dores abdominais intensas, vômito constante, sangramentos, alterações neurológicas e no humor do paciente.

“A fase crítica não acontece com todos os pacientes e costuma acontecer do 3º ao 7º dia, quando podem aparecer as alterações laboratoriais e a intensificação dos sintomas. É a fase que o paciente costuma precisar de atendimento médico. Após o 7º dia, vem a fase da convalescença, quando os sintomas e os exames laboratoriais vão melhorando”, continua.

Um cuidado especial precisa ser tomado em relação a pessoas com doenças crônicas, gestantes, idosos e crianças, que estão entre os grupos mais vulneráveis aos efeitos da doença, tornando essencial uma atenção redobrada na prevenção e na observação dos sintomas.

“Pacientes com imunidade comprometida (oncológicos, em quimioterapia, por exemplo), pacientes que usam medicamentos anticoagulantes, pacientes com doenças crônicas do fígado têm maior risco”, destaca a especialista. 

Prevenção e riscos da automedicação

Nas épocas de chuva, os locais propícios para a reprodução do mosquito se multiplicam, o que enfatiza a necessidade urgente de implementar medidas preventivas para controlar a proliferação. Portanto, é fundamental realizar limpezas e inspeções frequentes em locais onde a água possa se acumular. Além disso, a utilização de repelentes surge como uma estratégia preventiva eficaz. 

Medicamentos como ácido acetilsalicílico (aspirina) e outros anti-inflamatórios, como ibuprofeno, diclofenaco e nimesulida, são rigorosamente desaconselhados em casos suspeitos de dengue.

“Os anti-inflamatórios, porque podem interferir na função hepática e piorar a lesão causada pela dengue e os anticoagulantes, porque aumentam muito a chance de sangramento intenso em pacientes com alteração aguda da coagulação pela doença. Havendo sangramento, a chance de óbito aumenta consideravelmente”, relata Marina. 

Tratamento

A hidratação tem um papel fundamental no tratamento da dengue, sendo vital para aliviar os sintomas e favorecer a recuperação do paciente. Durante a infecção pelo vírus, a febre e os sintomas relacionados podem provocar desidratação, elevando o risco de complicações.

“É preciso manter uma ingestão de água elevada, de pelo menos 60 ml por quilo de peso por dia (por exemplo uma pessoa de 60 kg deve ingerir 3,6 litros de líquido por dia). Geralmente, os idosos e as crianças têm mais dificuldade e precisam de cálculos mais complexos quanto a quantidade de hidratação e por isso devem ser acompanhados de perto, pois se desidratam com muita facilidade e podem evoluir com gravidade”, explica a médica. 

“Além de realizar os exames para verificar como estavam as plaquetas, a minha recuperação se resumiu a muito soro, água e gatorade”, diz Josenilda.

Roriz destaca que o tratamento da doença não possui um medicamento específico, apenas com pacientes sintomáticos. “O paciente deve ser classificado em grupo A, B, C ou D considerando os riscos, comorbidades, intensidade de sintomas e alterações laboratoriais. A partir daí define-se um plano de cuidado. Geralmente usamos medicamentos para febre e para dor e a hidratação vigorosa. É preciso acompanhar a evolução das plaquetas, do hematócrito e das enzimas hepáticas, principalmente. O paciente é reclassificado a cada atendimento e só está liberado quando estiver na 3ª fase da doença, a convalescença”, finaliza.

A falta do tratamento faz com que o paciente corra riscos de desenvolver complicações “como sangramentos, alteração e até perda da função renal, pode haver acometimento neurológico (encefalite), hepático, cardiológico, e pode inclusive evoluir a óbito”. 

Um ano depois, a procura pela vacina ainda é baixa

O Brasil se tornou o primeiro país do mundo a disponibilizar vacinas contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), e após um ano do início da vacinação, a adesão ao imunizante no Brasil tem sido significativamente inferior ao esperado. 

Em janeiro, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lançou um alerta sobre o baixo número de pessoas que estão se vacinando contra a dengue. A entidade ressaltou que o imunizante está atualmente acessível para um grupo limitado de pessoas em 1,9 mil cidades onde a doença é mais recorrente, e apenas 50% das doses enviadas pelo ministério para estados e municípios foram administradas.

Esse alerta surge em consonância com iniciativas recentes de prevenção e monitoramento por parte do Ministério da Saúde e acontece em um momento de apreensão devido à identificação do sorotipo 3 da dengue em várias regiões. Segundo o ministério, esse sorotipo não circulava no Brasil de maneira prevalente desde 2008, o que deixa grande parte da população vulnerável à infecção.

Em janeiro de 2024, 521 municípios foram inicialmente selecionados para iniciar a imunização contra a dengue na rede pública já em fevereiro. As cidades compunham 37 regiões de saúde consideradas endêmicas para a doença e atendiam a três critérios: municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes; alta transmissão de dengue no período 2023-2024; e maior predominância do sorotipo 2.

Atualmente, todas unidades federativas recebem doses contra a dengue. Foram selecionadas regiões de saúde com municípios de grande porte, alta transmissão nos últimos 10 anos e/ou altas taxas de infecção nos últimos meses.

Número em Goiás

A SES-GO informa que em Goiás, foram aplicadas até o momento 379.649 doses da vacina contra a dengue, na faixa etária de 4 a 59 anos, sendo 283.472 mil para 1ª dose e 96.177 para 2ª dose. Desse grupo elegível, estão com doses atrasadas e ainda não retornaram para tomar a 2ª dose 145.701 mil  pessoas ( 60,24%).

Na faixa etária de 6 a 16 anos de idade, foram aplicadas um total de  338.870 mil doses da vacina contra a dengue, sendo 254.665 com 1ª dose e 84.205 com 2ª dose. Desse grupo elegível, estão com doses atrasadas e ainda não retornaram para tomar a 2ª dose 129.188 mil  crianças e adolescentes (60,54%).

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