Taxa de importação de aço pode gerar crise comercial entre Brasil e EUA
Ministros falam em manifestar oportunamente, mas o presidente Lula já alertou sobre o princípio da reciprocidade com tarifa na importação
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O presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, anunciou a criação de uma taxa única de 25% para importação de aço e alumínio de todos os países para o governo norte-americano. A medida anunciada neste último domingo (9) representa mais um avanço protecionista de controle do mercado interno da nação e favorecimento da produção nacional. É esperado que o decreto seja assinado nesta terceira semana de fevereiro. O mandatário ainda afirmou que estas medidas são “recíprocas” uma vez que as nações possuem vantagem do governo norte-americano.
Vale lembrar que o Brasil é 3º maior exportador de aço para o mercado estadunidense, logo depois do Canadá e do México, aliados ao qual o mandatário ameaçou tarifas para criar um acordo parcial. Além disso, os EUA é a nação que mais compra ferro e aço brasileiro com uma movimentação no ano de 2024 no valor de USD$ 6,10 bilhões. Enquanto isso, a nação norte-americana é o segundo país que mais comprou alumínio do Brasil com uma movimentação de USD$ 0,27 bilhões, logo atrás do Japão com USD$ 0,37 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdics).
Com isso, as relações diplomáticas entre Brasil e EUA fica mais tênue e ameaça uma hostilidade comercial. Ainda na manhã desta segunda-feira (10), foi anunciado que o Governo Lula (PT) poderia criar uma possível taxação de empresas de tecnologia e serviços digitais. Porém, o ministro da fazenda, Fernando Haddad, esclareceu nas redes sociais que isso não deve acontecer e que o governo deve aguardar uma medida concreta para se pronunciar.
“Para não deixar dúvida, não é correta a informação de que o governo Lula deve taxar empresas de tecnologia se o governo dos Estados Unidos impuser tarifas ao Brasil. No mais, o governo brasileiro tomou a decisão sensata de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. Vamos aguardar a orientação do presidente”, afirmou. Apesar disso, Lula deve adotar uma medida com base na lei da reciprocidade como comentada anteriormente pelo dirigente do executivo federal.
Em resposta, nações da União Europeia ameaçaram retaliação comercial caso Trump adote as tarifas, segundo a Comissão Europeia, o grupo irá proteger os cidadãos e trabalhadores de “medidas injustificadas” do governo americano. Como já divulgado pelo Jornal O HOJE neste último dia 7, o republicano mira afetar nações exportadoras de alto impacto comercial na balança norte-americana para favorecer acordos favoráveis aos EUA.
De início, ações de grandes empresas siderúrgicas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registraram uma queda desde o anúncio do republicano, as operações da CSN e Usiminas caíram 0,78% e 1,43%, respectivamente. Junto a isso, o dólar recuou levemente para R$ 5,78 após as ameaças de tarifas e seguidas garantias de retaliações econômicas de outros países. Com o encarecimento da exportação, os preços internos de aço devem diminuir, o que pode acarretar um barateamento em setores da construção civil.
Em 2018, Donald Trump havia anunciado uma tarifa similar para os dois minerais, taxas de 25% para aço e 10% para alumínio. Contudo, ofereceu isenções de impostos para parceiros aliados como União Europeia, Canadá, México e Brasil. Já em 2020, o país norte-americano novamente fez uma medida similar com tarifas de 25% para aço e 10% para alumínio e de novo concedeu isenções para aliados.