Brasil é condenado por omissão em assassinato de trabalhador rural
Corte Interamericana responsabiliza o Estado por falhas na investigação da morte de Manoel Luis da Silva, sem-terra assassinado em 1997

A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) condenou o Brasil por omissão na investigação do assassinato do trabalhador rural Manoel Luis da Silva, morto a tiros em maio de 1997, na Paraíba. Silva, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi assassinado por funcionários de uma fazenda enquanto participava de uma ocupação de terra. A decisão da Corte destaca a falha do Estado em esclarecer o caso, punir os responsáveis e garantir o direito da família à verdade.
De acordo com a sentença, o Brasil foi responsabilizado pela falta de diligência na investigação do homicídio e pela demora no processo judicial, que resultou na absolvição dos acusados 12 anos após o crime. A Corte afirmou que o caso ocorreu em um contexto de violência contra trabalhadores rurais e defensores dos direitos à terra, uma situação já abordada em outras decisões relacionadas à violência no campo.
Além disso, a Corte determinou que o Brasil tome medidas de reparação, incluindo um ato público de reconhecimento da responsabilidade, a divulgação de informações sobre a violência no campo e o pagamento de indenizações à viúva e filhos de Silva. O Estado também terá que garantir acompanhamento médico e psicológico para a família da vítima, caso necessário. A Corte acompanhará a implementação dessas medidas e exigiu que o Brasil apresente um balanço das ações após um ano da promulgação da sentença.
O caso de Silva foi denunciado em 2006, após falhas nas investigações e nas ações legais nacionais. A sentença reafirma a responsabilidade internacional do Estado por não ter tomado as medidas necessárias para esclarecer o assassinato e punir os culpados. A decisão marca mais um episódio de responsabilização do Brasil em casos de violência no campo, um tema recorrente no país.