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sábado, 22 de fevereiro de 2025
Dívidas

8 em cada 10 goianos foram negativados mais de uma vez em 2024

Dívidas antigas e juros elevam reincidência da inadimplência em Goiás, aponta economista

Postado em 21 de fevereiro de 2025 por Eduarda Leão
negativados
| Foto: divulgação

Os consumidores goianos enfrentam dificuldades cada vez maiores para manter as contas em dia. Segundo dados da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Goiás (FCDL-GO) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 88% dos consumidores que tiveram o nome negativado em janeiro de 2025 já haviam passado pela mesma situação nos últimos 12 meses.

Os números revelam um cenário preocupante. Entre os inadimplentes de janeiro, 68,6% já possuíam dívidas antigas que não foram quitadas, enquanto 19,3% chegaram a sair da inadimplência ao longo do ano anterior, mas voltaram a atrasar pagamentos e tiveram seus nomes negativados novamente.

O crescimento da inadimplência tem sido constante. Em janeiro de 2025, houve um aumento de 4,78% no número de inadimplentes em relação ao mesmo período de 2024. Esse índice vem subindo há sete meses consecutivos, com variações mensais que mostram uma tendência preocupante: dezembro (1,81%), novembro (4,68%), outubro (3,51%), setembro (2,47%), agosto (1,32%) e julho (2,23%).

Cada consumidor negativado deve, em média, R$ 4,7 mil. Os bancos são os principais credores, com 61,4% das dívidas. Em seguida, aparecem as lojas do comércio (12,8%), outros segmentos (10,5%), concessionárias de água e energia (8,3%) e empresas de telefonia e internet (6,8%).

Para o presidente da FCDL-GO, Valdir Ribeiro, a situação requer medidas urgentes: “É um cenário difícil não só para o consumidor, mas para as empresas. O governo precisa agir mais duramente para controlar a inflação e evitar a queda no consumo, que pode desestabilizar toda a economia”.

O economista Luiz Carlos Ongaratto reforça os impactos negativos da inadimplência na economia estadual: “A inadimplência é muito danosa, principalmente para as pequenas empresas. Sem dinheiro no caixa, elas têm que recorrer a mais crédito, aumentar custos ou elevar o preço dos produtos para compensar as perdas”. Ele destaca que essa alta nos preços afeta não apenas quem está inadimplente, mas também os consumidores que pagam suas contas em dia.

Entre os fatores que levam à reincidência na inadimplência, Ongaratto aponta a dificuldade em quitar dívidas já existentes devido aos juros elevados: “Quando há multa e juros, a dívida aumenta e o consumidor não consegue pagar nem o valor original, muito menos o total acrescido”. Ele também chama a atenção para a queda na renda dos trabalhadores após a pandemia: “Muitos dos novos empregos criados oferecem salários menores. Com a inflação dos alimentos, os consumidores priorizam a alimentação e acabam atrasando contas de água, luz e telefonia”.

Outro ponto de alerta é o impacto das políticas de crédito para consumidores endividados. “Quando se concede crédito para quem já não tem condições de pagamento, há um risco de novos ‘calotes’ no futuro”, explica Ongaratto.

O aumento da inadimplência preocupa tanto consumidores quanto empresários. Com o custo de vida elevado e dificuldades de acesso ao crédito, a necessidade de soluções para estabilizar a economia e frear o endividamento se torna cada vez mais urgente.

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