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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
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trabalho escravo

Jovem boliviana é resgatada após viver em condições análogas à escravidão no Morumbi

Babá trabalhava 19 horas por dia, sem comida e sem salário, e foi mantida em cárcere privado por seis meses em apartamento de médicos

Postado em 24 de fevereiro de 2025 por Luana Avelar
Foto: Freepik
Foto: Freepik

Uma jovem boliviana de 19 anos foi resgatada, na última semana, após ser mantida em condições de trabalho análogas à escravidão por seis meses em um apartamento no Morumbi, em São Paulo. Contratada como babá para cuidar dos filhos de um casal de médicos, a jovem revelou que não recebeu salário e foi proibida de se alimentar da comida da casa, precisando depender de doações da diarista e de outra babá do condomínio. Ela ainda tinha que realizar todas as atividades domésticas, trabalhando 19 horas por dia, e não podia sair do local ou usar seu celular para manter contato com a família.

De acordo com o depoimento da vítima à polícia, ela chegou ao Brasil acompanhada de sua patroa, também boliviana, com a promessa de uma vida melhor e condições dignas de trabalho. No entanto, o que encontrou foi uma rotina de abuso e restrições. “Eu não podia comer a comida da casa, a patroa me disse que eu tinha que fazer minha própria comida”, contou a jovem, destacando o descaso com suas necessidades básicas. Além disso, ela relatou que a médica a questionou sobre um pacote de bolachas encontrado em seu quarto, acusando-a de roubo.

A jovem também descreveu situações de agressões psicológicas e físicas. Ela afirmou que sofreu lesões devido ao excesso de tarefas e o peso dos objetos que era obrigada a carregar. “A mãe do patrão jogou roupas no meu rosto enquanto eu passava roupa”, revelou em depoimento. A situação só foi descoberta após denúncias feitas ao Sindicato das Empregadas e Trabalhadoras Domésticas da Grande São Paulo (Sindoméstica) e ao grupo Conexão Babá, que alertaram sobre o cárcere privado e as péssimas condições de trabalho.

Segundo Janaína Souza, presidente do Sindomésticas, a jovem não tinha contrato de trabalho e estava em um estado físico e psicológico debilitado quando foi resgatada. “Ela estava com muito medo e bastante fome”, relatou Janaína, destacando a gravidade da situação. Após o resgate, a boliviana recebeu apoio e cuidados, enquanto as investigações sobre os responsáveis pelo abuso continuam.

O casal de médicos foi levado à delegacia para prestar depoimento, mas foi liberado em seguida. Em resposta às acusações, a advogada do casal negou que a jovem tenha vivido em cárcere privado, afirmando que ela “jamais foi tratada de forma desrespeitosa ou desumana” e que “sempre foi tratada com cuidado e muito carinho, como um dos membros da família”. A Polícia Civil e o Ministério Público do Trabalho seguem apurando o caso.

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