Em um mundo cada vez mais conectado, acelerado e exigente, a valorização humana se tornou essencial para o equilíbrio social e o sucesso empresarial. A análise é de Ricardo Pena, empresário, especialista em experiência do cliente e autor do best-seller O caminho do cliente, que reflete sobre os impactos da pressão cotidiana e defende a centralidade das pessoas nas organizações.

“Vivemos em uma sociedade marcada por uma pressão constante para atender expectativas sociais, profissionais e pessoais. A busca incessante por validação e perfeição leva muitas pessoas a se ‘quebrarem’ no processo de tentar se encaixar”, aponta Pena. Para ele, a ansiedade tem se tornado um dos maiores desafios da atualidade, impulsionada, entre outros fatores, pelo uso excessivo da tecnologia e das redes sociais.

Dados reforçam essa preocupação. O Brasil lidera o ranking global de tempo de conexão, com média superior a cinco horas e meia diárias em dispositivos eletrônicos. “As redes sociais têm um papel central nesse contexto, distorcendo nossa percepção de realidade, gerando ansiedade, insônia e até o medo de perder algo, o famoso ‘FOMO’ (Fear of Missing Out)”, ressalta.

Impacto no ambiente de trabalho

Ricardo Pena também alerta que a pressão não está restrita ao ambiente digital. O ritmo acelerado e a cobrança por produtividade invadiram até momentos de descanso, transformando o lazer em mais uma “tarefa” a ser cumprida. No Brasil, fatores como o desemprego e a instabilidade econômica agravam ainda mais o cenário.

Em 2022, quase 210 mil trabalhadores foram afastados por transtornos mentais, um aumento significativo em relação ao ano anterior. “A principal questão aqui é: como podemos esperar que alguém, sobrecarregado e com a saúde mental fragilizada, seja capaz de oferecer uma experiência positiva ao cliente ou ao colega de trabalho?”, questiona.

A resposta, segundo Pena, é simples: colocar as pessoas em primeiro lugar. “Investir na experiência do colaborador é fundamental. Empresas que priorizam o bem-estar de suas equipes, que reconhecem e cuidam das necessidades emocionais e psicológicas de seus funcionários, têm mais chances de criar um ambiente saudável e produtivo”, defende.

A cultura do cuidado como estratégia

Para o especialista, proporcionar uma experiência de qualidade ao cliente começa dentro das organizações. “Proporcionar uma experiência do cliente de qualidade começa com a criação de um ambiente interno saudável, onde as pessoas são valorizadas, respeitadas e apoiadas. Sem isso, não há como esperar um atendimento excepcional, porque o que é vivido dentro da empresa se reflete no que é entregue ao público”, explica.

Ricardo Pena encerra a reflexão reforçando o papel central das pessoas em todos os processos. “As pessoas estão no centro de tudo — sem elas, nada existe”, conclui.