Artesanato em palha cresce no Brasil e já representa 30% da produção artesanal
Artesanato movimenta R$ 50 bilhões ao ano no Brasil
A produção artesanal com palha vem conquistando cada vez mais espaço no mercado brasileiro, não apenas como expressão cultural, mas também como fonte de renda para milhares de famílias. Em diferentes regiões do país, técnicas seculares de trançado e beneficiamento da palha são preservadas e ressignificadas, conectando o passado à inovação e à sustentabilidade econômica.
Reconhecimento e tradição no Sul
Em estados como Rio Grande do Sul, a palha do butiá – planta típica de regiões litorâneas – tem sido reconhecida como elemento do patrimônio imaterial. O reconhecimento, oficializado recentemente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, fortalece a cadeia produtiva ligada ao artesanato. Em Torres, por exemplo, o butiazal nativo serve de matéria-prima para a produção de bolsas, chapéus, esteiras e utensílios decorativos. A iniciativa de registrar o saber como bem cultural contribui para garantir visibilidade e apoio público à atividade, além de abrir portas para capacitações e novos canais de comercialização.
Goiás aposta no artesanato como vetor econômico
No Centro-Oeste, especialmente em Goiás, comunidades artesãs também têm investido na produção com palhas de milho, buriti e outras fibras vegetais, com forte atuação em feiras regionais e programas de economia solidária. O estado registra aumento na formalização de pequenos empreendedores artesanais, e municípios como Pirenópolis e Cavalcante têm fortalecido políticas voltadas para a valorização desses trabalhos.
Setor movimenta bilhões e atrai o mercado sustentável

De acordo com dados do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o setor movimenta cerca de R$ 50 bilhões ao ano. A cadeia envolve mais de 8,5 milhões de artesãos em atividade no país, sendo a palha um dos materiais mais utilizados, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A leveza, durabilidade e caráter ecológico da matéria-prima impulsionam a demanda em feiras nacionais e internacionais, além de atrair o interesse de designers e marcas que buscam insumos sustentáveis.
Oficinas, comércio local e inovação digital
Outro fator que contribui para esse crescimento é a realização de oficinas e capacitações voltadas à técnica artesanal com palha. Em Torres (RS), a artesã dona Francisca, por exemplo, ministrará uma oficina no dia 28 de maio para ensinar a produção com palha de butiá. A atividade será promovida pela Secretaria de Trabalho, Indústria e Comércio e integra ações do município para preservar saberes tradicionais e fomentar o empreendedorismo feminino.
A comercialização dos produtos também tem avançado por meio de pontos de venda institucionais, como a Casa da Terra e do Artesanato, e por meio de plataformas digitais. Em Goiás, iniciativas de cooperativas e associações têm explorado o e-commerce como estratégia para escoamento da produção. Essa modernização tem aproximado artesãos de novos consumidores e ampliado o reconhecimento do artesanato como expressão de identidade cultural com potencial econômico.
O crescimento do artesanato em palha evidencia uma tendência: o retorno às origens com olhos voltados ao futuro. Em meio à busca por sustentabilidade, consumo consciente e valorização das raízes, a palha deixa de ser apenas resíduo agrícola para se tornar um símbolo de inovação social e oportunidade econômica.