Maioria dos brasileiros vê jovens desamparados no ambiente digital
Levantamento indica que 90% da população acredita que adolescentes não têm apoio emocional e social suficiente para lidar com as redes sociais
Nove em cada dez brasileiros com acesso à internet acreditam que adolescentes não contam com apoio emocional e social adequado para enfrentar os desafios do ambiente digital. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Porto Digital em parceria com a empresa Offerwise. O estudo ouviu mil pessoas com 18 anos ou mais em todas as regiões do país, com margem de erro de três pontos percentuais.
Entre os principais problemas enfrentados pelos jovens, segundo os entrevistados, estão o bullying e a violência escolar (57%), a depressão e a ansiedade (48%) e a pressão estética (32%). Para 70% da população ouvida, a presença de psicólogos nas escolas é considerada necessária para enfrentar a crise de saúde mental entre os adolescentes.
O levantamento foi motivado pela repercussão da série Adolescência, lançada em uma plataforma de streaming, que tratou dos impactos das redes sociais sobre a juventude. A produção reacendeu o debate sobre os efeitos da vida online e o papel dos adultos na mediação dos conteúdos digitais.
O estudo também indica que pais de crianças de até 12 anos costumam exercer maior controle sobre o uso da internet, inclusive com o uso de ferramentas de monitoramento. No entanto, esse acompanhamento tende a diminuir conforme os filhos se aproximam da adolescência. Apenas 20% dos responsáveis afirmaram que pretendem manter ferramentas de controle no futuro.
Em paralelo, o Congresso Nacional discute o Projeto de Lei das Fake News, que prevê a responsabilização das plataformas digitais por conteúdos ilegais. A proposta, já aprovada no Senado, está parada na Câmara dos Deputados. Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal analisa a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet.
O debate sobre regulação digital avança lentamente, enquanto adolescentes seguem expostos a conteúdos violentos, discursos de ódio e desinformação. O estudo aponta que, sem o envolvimento efetivo de famílias, escolas e governos, o ambiente digital continuará sendo um espaço inseguro para os mais jovens.