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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
pesquisa global

A infância interrompida

Pesquisa global revela que 17,7% das brasileiras sofreram violência sexual antes dos 18 anos. Estudo aponta consequências e alerta para a subnotificação

Luana Avelarpor Luana Avelar em 14 de maio de 2025
Foto: iStock
Foto: iStock

A infância termina antes da hora para milhões de brasileiros. No país, 17,7% das mulheres e 12,5% dos homens foram vítimas de violência sexual antes de completarem 18 anos. Os dados, divulgados pela revista científica The Lancet, integram um estudo global conduzido por pesquisadores da Universidade de Washington. A pesquisa analisou ocorrências em 204 países entre 1990 e 2023 e inclui casos de toques forçados com conotação sexual e relações sexuais impostas a crianças e adolescentes.

No ranking latino-americano, o Brasil aparece atrás de Chile e Costa Rica. Nesses países, quase um terço das mulheres relatou ter sofrido abusos sexuais ainda na infância. No Brasil, apesar do índice inferior, o cenário permanece alarmante. Especialistas apontam que fatores como pobreza, desigualdade social e violência doméstica favorecem a perpetuação dos crimes.

Em 2024, o Ministério da Justiça e Segurança Pública registrou 78.395 denúncias de estupro no país — uma média de nove por hora. Entre as vítimas, 67.820 são mulheres e 9.676 são homens. Em quase 900 registros, o gênero não foi informado. O levantamento reforça o que a pesquisa internacional já apontava: o número de ocorrências é subestimado, devido ao medo, à vergonha e ao estigma que envolvem as denúncias.

As consequências vão além do episódio. Pessoas que sofreram abuso sexual na infância apresentam maior risco de desenvolver transtornos como depressão, ansiedade, dependência de substâncias e doenças crônicas, além de dificuldades cognitivas e queda no rendimento escolar.

A pesquisa é um dos primeiros esforços em larga escala para estimar a prevalência global da violência sexual infantil. Os dados foram reunidos a partir de registros da Organização Mundial da Saúde, das Nações Unidas e de centenas de estudos conduzidos ao longo de mais de três décadas. Apesar do tamanho da amostra, o estudo deixa claro que os números, por si, não encerram o problema. O silêncio, muitas vezes, permanece.

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