Segundo a OMS, a anemia atinge 37% das gestantes
A anemia ferropriva está entre as principais causas de complicações gestacionais
A anemia durante a gestação é uma condição frequentemente observada, especialmente no segundo e terceiro trimestres, e pode representar riscos significativos tanto para a gestante quanto para o feto. Essa situação decorre do aumento da demanda de ferro pelo organismo materno, já que o mineral é essencial para a produção de hemoglobina e o transporte de oxigênio no sangue. Segundo a Organização Mundial da Saúde estima que 37% das gestações são afetadas por anemia.
A deficiência de ferro nesse período, conhecida como anemia ferropriva, está entre as principais causas de complicações gestacionais. Entre os efeitos mais comuns estão o cansaço extremo, a redução da imunidade e o aumento do risco de parto prematuro. Para o bebê, os impactos podem incluir crescimento comprometido, baixo peso ao nascer e prejuízos no desenvolvimento cognitivo.
A prevenção, segundo especialistas, depende de uma alimentação adequada, com foco em fontes ricas em ferro. O nutriente pode ser encontrado em duas formas nos alimentos: o ferro heme, presente em produtos de origem animal, e o ferro não heme, encontrado em vegetais. O ferro heme apresenta taxa de absorção superior, variando de 15% a 35%, enquanto o não heme é absorvido entre 2% e 20%.
Carnes vermelhas, especialmente o fígado bovino, são consideradas as fontes mais concentradas e eficientes de ferro heme. Frango e peixes também contribuem, embora em menor quantidade. A absorção eficaz do ferro heme ocorre por um mecanismo celular específico, menos suscetível à interferência de substâncias inibitórias da dieta, como fitatos e polifenóis, o que o torna particularmente relevante na alimentação da gestante.
Gestantes que seguem uma dieta vegetariana ou com baixo consumo de carne precisam recorrer a fontes vegetais de ferro para atender às necessidades nutricionais do período. Entre os alimentos recomendados estão feijão, lentilha, grão-de-bico, tofu, espinafre, couve e beterraba. No entanto, como o ferro presente nesses itens é do tipo não heme e apresenta menor taxa de absorção pelo organismo, é indicado combiná-los com fontes de vitamina C, como laranja, acerola, goiaba, morango e limão, a fim de otimizar a absorção do nutriente.
Além disso, farinhas de trigo e milho fortificadas com ferro também contribuem para a ingestão diária recomendada. Desde 2004, o Brasil tornou obrigatória a adição desse mineral às farinhas como uma estratégia de saúde pública para combater a anemia em grupos vulneráveis. Mesmo assim, essa forma de ferro não substitui a importância de uma alimentação equilibrada com vegetais e, quando possível, carnes, além da suplementação indicada no acompanhamento pré-natal.
Alguns comportamentos alimentares também influenciam na absorção do ferro. O consumo de bebidas como café, chá-preto e chá-verde próximo às refeições pode reduzir a eficácia da absorção do ferro não heme, o que leva profissionais de saúde a recomendarem que esses líquidos sejam ingeridos em horários distintos das principais refeições.
Com base em diretrizes do Ministério da Saúde, a suplementação de ferro é indicada a todas as gestantes a partir da 20ª semana de gravidez, independentemente da presença de anemia. No entanto, a administração do suplemento deve ser realizada com orientação médica, já que o excesso do mineral pode provocar desconfortos gastrointestinais, como náuseas, vômitos e dor abdominal. Em casos mais graves, a sobrecarga de ferro pode atingir o fígado e comprometer seu funcionamento.