Cinzas de Sebastião Salgado vão alimentar floresta que ele ajudou a reflorestar; entenda
Família informa que desejo do artista era permanecer conectado à missão ambiental i
A família do fotógrafo Sebastião Salgado informou que suas cinzas serão espalhadas no Instituto Terra, fundado por ele e pela esposa, Lélia Wanick Salgado, no município de Aimorés, Minas Gerais. O anúncio foi feito no último domingo (26), durante reportagem exibida no programa Fantástico, da TV Globo.
Morte de Sebastião Salgado
Sebastião Salgado morreu no dia 23 de maio, aos 81 anos. Segundo a família, ele enfrentava problemas de saúde decorrentes da malária, doença contraída nos anos 1990 durante uma de suas coberturas fotográficas. Além disso, foi diagnosticado com leucemia dois meses antes de falecer. A doença avançou rapidamente, segundo relato da esposa.
As cinzas do fotógrafo serão depositadas na área do programa Terra Doce, que integra as ações de reflorestamento do Instituto Terra. A organização foi criada em 1998 com o objetivo de promover a recuperação ambiental da Mata Atlântica na bacia do Rio Doce. O local abriga projetos de educação ambiental, restauração ecológica e desenvolvimento sustentável.
Nascido em Aimorés, no interior de Minas Gerais, Sebastião Salgado formou-se em economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Posteriormente, tornou-se mestre pela Universidade de São Paulo e doutor pela Universidade de Paris. No entanto, foi na fotografia que encontrou sua principal trajetória profissional.

Durante a carreira, Salgado percorreu mais de 120 países, documentando temas como migração, trabalho, pobreza e meio ambiente. Seus principais projetos fotográficos deram origem a livros e exposições reconhecidos mundialmente, como Trabalhadores, Êxodos e Gênesis. Seu olhar documental recebeu prêmios de grandes instituições e influenciou gerações de fotógrafos.
O fotógrafo era casado com Lélia Wanick Salgado há 61 anos. Lélia foi parceira em todas as etapas da carreira do marido, atuando como curadora de exposições, diretora de publicações e cofundadora do Instituto Terra. O casal teve dois filhos: Juliano Ribeiro Salgado, cineasta de 51 anos que co-dirigiu o documentário O Sal da Terra (2014), sobre a vida e obra do pai; e Rodrigo, de 45 anos, pintor diagnosticado com síndrome de Down.
A cerimônia de cremação foi realizada de forma restrita. A família optou por não divulgar detalhes sobre o local ou a data exata do ritual de despedida. Por fim, os familiares destacaram o desejo de manter o legado ambiental e artístico do fotógrafo por meio das ações do Instituto Terra.