Investimento estrangeiro dispara e déficit externo entra em queda
O cenário desenhado para as contas externas do País apresentou melhora em abril, antecipando o que parece ser uma mudança de tendência em relação ao desempenho observado nos primeiros meses deste ano, segundo as estatísticas apuradas pelo Banco Central (BC). Considerando o mesmo mês do ano passado, abril deste ano veio com alta para o investimento estrangeiro direto e redução no déficit em transações correntes, como resultado das menores remessas de lucros e dividendos para o exterior e queda nas despesas líquidas com juros lá fora. A melhora nos resultados das contas externas no primeiro bimestre deste ano recebeu a contribuição ainda da recuperação na balança comercial de bens (exportações menos importações), depois de ter experimentado forte baixa nos primeiros dois meses deste ano, chegando a anotar déficit de US$ 1,127 bilhão em fevereiro – lembrando, de toda forma, que os números relativos a abril para a balança comercial apresentaram de fato alguma diminuição.
O déficit na conta de transações correntes, que contempla basicamente a diferença entre exportações e importações de bens e de serviços, incluindo despesas com fretes e viagens internacionais, entre outros serviços, remessas de lucros e dividendos e pagamento de juros no exterior, registrou
baixa de 21,78% em abril deste ano, em relação ao mesmo mês do ano passado, caindo de US$ 1,723 bilhão para US$ 1,347 bilhão. Nos primeiros
quatro meses deste ano, o saldo negativo naquela conta ainda apresenta alta vigorosa, com salto de 51,74% na comparação com o mesmo quadrimestre
de 2024. O déficit avançou de US$ 14,120 bilhões para US$ 21,426 bilhões (um acréscimo equivalente a US$ 7,306 bilhões).
A retração de 38,13% na balança comercial de bens, com o saldo encolhendo de US$ 24,1 bilhões nos quatro meses iniciais do ano passado para US$ 14,911 bilhões (ou seja, em torno de US$ 9,189 bilhões a menos), explica aquela piora. Mas os dados mais recentes indicam melhoras e mostram que o tombo esteve relacionado, até o momento, aos números ruins do primeiro bimestre. Entre janeiro e fevereiro, a balança de bens teve seu superávit reduzido pata apenas US$ 225,943 milhões, frente a um saldo muito mais robusto no primeiro bimestre do ano passado, algo em torno de US$ 9,950 bilhões. A perda chegou a US$ 9,726 bilhões no período, o que foi determinante para o aumento de 109,8% registrado pelo déficit em transações correntes, que saltou de US$ 8,310 bilhões nos primeiros dois meses de 2024 para US$ 17,434 bilhões neste ano (mais US$ 9,124 bilhões).
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Virada
No bimestre seguinte, o saldo comercial, considerando apenas a diferença entre exportações e importações de bens e mercadorias, anotou recuperação, variando 3,8% em relação aos valores acumulados em março e abril do ano passado. O resultado saiu de US$ 14,150 bilhões para US$ 14,687 bilhões, num ganho pouco superior a US$ 537,0 milhões. O déficit em transações correntes sofreu baixa muito mais expressiva, caindo de US$ 5,810 bilhões para US$ 3,992 bilhões, numa retração de 31,29%. A reação observada para a balança comercial certamente ajudou, mas houve redução também na conta de serviços e nas remessas de lucros e juros.