O cupuaçu (Theobroma grandiflorum), fruta nativa da Amazônia e amplamente cultivada no Norte do Brasil, vem ultrapassando os limites da culinária regional para conquistar espaço também na área da saúde. Além de ser ingrediente-chave em doces, sucos, sorvetes e no “cupulate” — chocolate amazônico feito a partir de suas sementes —, o fruto tem despertado interesse de pesquisadores por sua rica composição nutricional.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o cupuaçu é fonte de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes. Um dos principais benefícios está na saúde intestinal: 100 gramas da fruta contêm cerca de 2,4 gramas de fibras alimentares, como pectina e celulose. Essas substâncias ajudam a regular o trânsito intestinal, prevenindo quadros de constipação e fortalecendo o microbioma — conjunto de microrganismos essenciais à digestão e à imunidade.

Na área da nefrologia, um estudo publicado na revista Clinical Nutrition apontou que o extrato de cupuaçu pode ser benéfico na redução do estresse nitrosativo e na modulação de mediadores inflamatórios em rins de ratos com diabetes. A pesquisa, conduzida com roedores divididos em grupos controle e diabético, demonstrou que a suplementação diária com o extrato foi capaz de reduzir marcadores de inflamação renal, o que indica potencial uso como terapia adjuvante. Os autores ressaltam, porém, que o consumo da fruta não substitui tratamentos médicos.

Outro atrativo é a ação energética proporcionada pela teobromina, um composto semelhante à cafeína. Diferentemente desta, a teobromina oferece estímulo mais leve, ideal para quem busca disposição sem os efeitos colaterais típicos de energéticos. Além disso, o cupuaçu contém carboidratos de rápida absorção, sendo indicado como fonte natural de energia para praticantes de atividade física.

A presença de vitamina C reforça sua reputação entre os aliados da beleza. O nutriente é importante para a produção de colágeno, proteína que mantém a firmeza da pele e dá sustentação às articulações e tecidos conjuntivos. Não por acaso, a fruta tem ganhado espaço em cosméticos naturais e produtos dermatológicos.

A fruta também pode melhorar o humor. Segundo o estudo publicado na revista GigaScience, o fruto possui cerca de 65% de similaridade genética com o cacau e contém feniletilamina, substância associada à sensação de bem-estar, muito semelhante ao efeito do chocolate.

Versátil, o cupuaçu pode ser consumido in natura, em sucos, vitaminas e sobremesas. As sementes torradas e moídas também dão origem ao cupulate, uma alternativa sustentável ao chocolate tradicional. Para quem busca uma alimentação mais saudável, a recomendação é optar por preparações com baixo teor de açúcar e gordura.

Embora promissor, o consumo deve ser moderado e adaptado a cada perfil. Pessoas com refluxo ou condições gastrointestinais devem consultar um nutricionista ou médico antes de incluir a fruta na dieta. Ainda assim, o cupuaçu se mostra cada vez mais como um símbolo da biodiversidade brasileira com potencial funcional para além do paladar.