Retirada de árvores na Marginal Botafogo revolta moradores
Comurg afirma que executa a remoção por risco de queda e presença de espécies invasoras, mas população cobra compensação ambiental
Quem passou pela Marginal Botafogo nos últimos dias percebeu uma mudança drástica na paisagem. Várias árvores foram cortadas, especialmente na altura do Setor Pedro Ludovico. A retirada, que segue até o dia 10 de junho, mobiliza cerca de 50 trabalhadores da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e gerou revolta entre moradores e ambientalistas.
Segundo a Comurg, o serviço é realizado por dois motivos principais: parte das árvores estava condenada, oferecendo risco de queda, e outras são espécies consideradas invasoras, inadequadas para o terreno às margens do córrego. Além disso, a companhia afirma que a retirada melhora a visibilidade dos motoristas e aumenta a segurança viária no trecho.
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Apesar da justificativa, a ação causou indignação. Goiânia enfrenta períodos críticos de seca e baixa umidade, e as árvores desempenham papel essencial na redução do calor e na melhoria da qualidade do ar. Moradores também questionam se haverá compensação ambiental com o plantio de novas mudas, o que até agora não foi esclarecido.
Procurada pelo jornal O HOJE, a Comurg informou que é responsável apenas pela execução do serviço. A definição sobre quais árvores devem ser removidas, assim como os estudos técnicos, cabe à Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). Até o momento, a Amma não se manifestou oficialmente sobre planos de rearborização na Marginal.
A avenida, que começou a ser construída no fim dos anos 1980, margeia o Córrego Botafogo, uma região sensível do ponto de vista ambiental. Com as legislações mais recentes, obras próximas a cursos d’água exigem maior cuidado com a preservação das margens, justamente para garantir áreas de absorção da água e manutenção da biodiversidade local.
A população agora aguarda um posicionamento das autoridades sobre a recomposição da vegetação, fundamental para enfrentar os desafios climáticos na capital. (Anna Salgado, especial para O Hoje)