Hemorragia pós-parto continua como segunda maior causa de morte materna no Brasil
Apesar dos avanços médicos, casos graves ainda representam desafio para sistema de saúde, principalmente em algumas regiões
A hemorragia pós-parto (HPP) permanece como a segunda principal causa de morte materna no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde e de pesquisas nacionais. Embora os protocolos para prevenção e tratamento estejam bem estabelecidos, a condição, que se caracteriza pela perda excessiva de sangue após o parto, ainda é responsável por um número de óbitos.
De acordo com dados atualizados entre 2018 e 2023, o país apresentou uma taxa média de mortalidade por HPP de 0,03 para cada 100 mil nascidos vivos no início de 2023. No entanto, essa média esconde desigualdades regionais importantes: no Norte, o índice chegou a 0,29, e no Centro-Oeste, a 0,17, refletindo desafios estruturais e de atendimento nessas áreas. Já o Sudeste registra o maior número absoluto de internações por hemorragia pós-parto, enquanto o Sul concentra a maior taxa de mortalidade, com 1,25% das hospitalizações resultando em óbito.
A hemorragia pós-parto é definida como a perda de sangue superior a 500 ml após parto vaginal e acima de 1.000 ml em cesarianas. A principal causa é a atonia uterina, que impede a contração adequada do útero, responsável por até 80% dos casos. Outros fatores de risco incluem anemia, síndromes hipertensivas, placenta prévia, idade materna avançada, multiparidade, gravidez gemelar e histórico prévio de hemorragia.
Para evitar a condição, o acompanhamento pré-natal é fundamental, especialmente para identificar e controlar fatores que aumentam o risco. Durante o parto, o uso profilático de ocitocina é recomendado para reduzir as perdas sanguíneas. Caso a hemorragia ocorra, o atendimento deve ser rápido e escalonado, com medidas que vão da massagem uterina à administração de medicamentos, transfusões e, em situações extremas, procedimentos cirúrgicos, como a histerectomia.
Especialistas alertam que o tempo de resposta é decisivo para a sobrevida da paciente. Hospitais que investem em treinamento de equipes e recursos, como o uso de balões intrauterinos e medicamentos modernos, apresentam melhor desempenho no controle da HPP.
Apesar dos avanços, as disparidades regionais evidenciam a necessidade de políticas públicas voltadas para o fortalecimento da rede obstétrica, sobretudo em regiões menos assistidas. O desafio para 2025 está em garantir acesso equitativo a cuidados de qualidade, do pré-natal ao pós-parto, para reduzir ainda mais as mortes evitáveis relacionadas à hemorragia pós-parto.