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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
LIBERADO PELA ANVISA

Mounjaro: novo remédio para obesidade chama atenção no Brasil com promessa de perda de até 25% do peso

Substância pode custar até R$ 1,6 mil por dose e promete perda de até 22% do peso corporal

Thais Airespor Thais Aires em 16 de junho de 2025
Mounjaro
Anvisa libera Mounjaro para tratar obesidade no Brasil

O mês de junho trouxe uma novidade importante para o tratamento da obesidade no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) com foco no controle do peso corporal. A substância, fabricada pela farmacêutica Eli Lilly, já era aprovada no país para o tratamento de diabetes tipo 2. Agora, passa a ser recomendada também para pacientes com obesidade ou sobrepeso com comorbidades.

A decisão foi publicada no Diário Oficial da União na última semana. Segundo a Anvisa, o Mounjaro deve ser utilizado “em conjunto à dieta de baixa caloria e ao aumento da atividade física para controle crônico do peso”. A nova indicação amplia o acesso a um tratamento que já vem sendo usado nos Estados Unidos e em outros países.

Quem pode usar o Mounjaro e quais são as contraindicações

De acordo com os critérios estabelecidos pela Anvisa, o medicamento é indicado para adultos com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², que é o limite para o diagnóstico de obesidade. Pacientes com IMC a partir de 27 kg/m² também podem utilizar o remédio, desde que apresentem comorbidades como hipertensão, diabetes tipo 2, dislipidemia, apneia do sono ou doenças cardiovasculares.

Por outro lado, o uso do Mounjaro tem restrições importantes. O medicamento não é indicado para menores de 18 anos, gestantes, mulheres em período de amamentação e pessoas com histórico pessoal ou familiar de câncer de tireoide. Pacientes com pancreatite, problemas renais graves ou alergia a componentes da fórmula também não devem utilizar o produto.

A endocrinologista Aline Feitosa, que atua no Hospital Santa Izabel, destaca que o medicamento trouxe avanços significativos no tratamento da obesidade. Segundo ela, a tirzepatida age em dois receptores hormonais responsáveis pela saciedade e pelo controle da glicemia. “Por atuar em dois pontos diferentes, o Mounjaro promove uma perda de peso ainda maior, algo em torno de 20% a 25%, o que antes só era alcançado com cirurgia bariátrica”, afirma.

Mounjaro
Aprovado recentemente pela Anvisa, o Mounjaro chega às farmácias como alternativa ao Ozempic, mas com regras rígidas de prescrição e preço elevado

Efeitos colaterais, preço e cuidados com o uso

A aplicação do Mounjaro é feita uma vez por semana, por meio de uma caneta injetável. O tratamento começa com uma dose de 2,5 mg, que pode ser ajustada até o limite de 15 mg, sempre com acompanhamento médico. A retenção da receita nas farmácias é uma exigência para garantir o controle da distribuição.

O preço do medicamento ainda é uma barreira para muitas pessoas. A menor dose custa em torno de R$ 1,6 mil. Até março, os valores chegavam perto de R$ 2,5 mil por caneta. A produção nacional deve reduzir os custos, além de diminuir os casos de contrabando e falsificação, que vinham sendo registrados antes da autorização da Anvisa.

O Mounjaro também pode causar efeitos colaterais. Entre os mais relatados estão náuseas, vômitos, refluxo, constipação e, em alguns casos, desidratação. A endocrinologista Aline Feitosa alerta que os pacientes devem ser cuidadosamente avaliados antes de iniciar o tratamento. “Já atendemos casos de complicações como vômitos persistentes e semiobstrução intestinal”, diz a médica.

Estudos internacionais, como o Surmount, realizado com mais de 20 mil pacientes, mostraram que o medicamento pode provocar uma redução significativa do peso corporal. Em alguns casos, os pacientes perderam até 22,5% do peso inicial em pouco mais de um ano. Especialistas reforçam, no entanto, que o remédio só deve ser usado em casos clínicos bem indicados e sempre com acompanhamento profissional.

Enquanto o Mounjaro ganha espaço no mercado brasileiro, o Ministério da Saúde avalia, em consulta pública, a inclusão da semaglutida (princípio ativo de medicamentos como o Wegovy) no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento da obesidade em pacientes com histórico de doenças cardiovasculares. A consulta fica aberta até o final de junho.

 

 

 

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