O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Diplomacia

Irã ameaça fechar Estreito de Ormuz em retaliação aos ataques dos EUA

Estreito é rota de um quinto do petróleo mundial e ponto sensível do tabuleiro geopolítico no Oriente Médio

Lalice Fernandespor Lalice Fernandes em 23 de junho de 2025
Irã ameaça fechar Estreito de Ormuz em retaliação aos ataques dos EUA
Foto: Canva Fotos

A proposta aprovada pelo Parlamento do Irã no domingo (22) de fechar o Estreito de Ormuz, ponto estratégico do transporte marítimo global, representa um novo e arriscado capítulo na crescente tensão entre Teerã, Washington e Tel Aviv. A medida, ainda pendente de aprovação pelo Conselho de Segurança Nacional e pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, foi anunciada como retaliação direta aos recentes ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas. Caso a decisão avance, Teerã poderá usar força militar para impedir o tráfego na região, desafiando normas internacionais e elevando o risco do conflito.

A iniciativa iraniana não é apenas simbólica. Trata-se de um movimento com potencial real de alterar os rumos da crise no Oriente Médio. O fechamento do Estreito de Ormuz, mesmo que temporário, sinalizaria uma disposição inédita de Teerã em transformar o conflito com Israel e os EUA em um embate de consequências globais. A ameaça de fechar o corredor marítimo atinge diretamente interesses estratégicos de diversas potências, principalmente pelo potencial de provocar reações militares e sanções econômicas severas.

O Estreito de Ormuz é considerado o ponto mais sensível do comércio de petróleo no mundo. Diariamente, cerca de 20 milhões de barris de petróleo e derivados cruzam os 33 quilômetros de largura da via, que separa o Irã de Omã e liga o Golfo Pérsico ao Mar Arábico. Mesmo que as águas utilizadas para navegação comercial sejam, em grande parte, reconhecidas como internacionais, a geografia da região dá ao Irã poder significativo para obstruí-las. No trecho mais estreito, a via navegável tem apenas 3,2 quilômetros em cada direção, o que a torna especialmente vulnerável a ações militares.

Na prática, o Irã não teria respaldo legal para bloquear o estreito, protegido pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos), mas, do ponto de vista militar, dispõe de navios de guerra, mísseis e milícias que podem ameaçar qualquer embarcação que transite pela área. Além do petróleo, a rota é essencial para o transporte de gás natural, plásticos, fertilizantes, produtos químicos, veículos e equipamentos eletrônicos, principalmente com origem ou destino na Ásia.

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Veja também