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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
LONGEVIDADE E TRABALHO

Incluir idosos no trabalho é bom para todos

Com população envelhecendo, Brasil precisa superar o etarismo e reconhecer que manter pessoas com mais de 60 anos no mercado fortalece o bem-estar, a diversidade nas equipes e os próprios resultados das empresas

Luana Avelarpor Luana Avelar em 24 de junho de 2025
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Portrait of senior woman working on laptop outside in coffee shop

Com o envelhecimento da população brasileira, cresce também a urgência de discutir a inclusão de pessoas idosas no mercado de trabalho. O Censo 2022 do IBGE revelou que, no Tocantins, o número de pessoas com 60 anos ou mais cresceu 62% em apenas 12 anos. A tendência acompanha o movimento nacional e antecipa uma transformação estrutural: o país terá cada vez mais idosos economicamente ativos.

As projeções indicam que, até 2060, 58,4% da população com mais de 60 anos estará no mercado de trabalho, frente aos 16% registrados em 2015. No entanto, a realidade atual ainda é marcada por preconceitos e barreiras. A ideia de que a idade compromete a produtividade continua sendo um dos principais entraves à contratação de trabalhadores mais velhos, mesmo diante de dados que apontam o contrário.

Pesquisas recentes têm demonstrado que manter-se profissionalmente ativo após os 60 anos pode ter impactos diretos no bem-estar emocional, cognitivo e social. O engajamento em ambientes de trabalho reforça a autoestima, amplia os vínculos sociais e estimula competências como criatividade, pensamento crítico e liderança. A própria empregabilidade tem sido associada ao aumento da sensação de felicidade entre idosos.

Do ponto de vista corporativo, empresas que investem em equipes multigeracionais relatam ganhos em inovação, comunicação interpessoal e saúde organizacional. A diversidade etária tem se mostrado um diferencial competitivo, especialmente em setores que exigem escuta, paciência e mediação de conflitos. Experiência e repertório acumulado ao longo da vida são ativos valiosos, mas ainda subutilizados.

A resistência, no entanto, segue amparada por uma cultura que desvaloriza a velhice. O etarismo — preconceito baseado na idade — afeta não apenas contratações, mas também a permanência de profissionais mais velhos em cargos de liderança. Em muitos casos, há um esvaziamento simbólico do papel da pessoa idosa, reduzida a estereótipos de fragilidade ou obsolescência.

A Campanha Junho Violeta, que promove a conscientização sobre os direitos da população idosa e o combate à violência contra essa faixa etária, traz à tona a necessidade de se ampliar a noção de respeito e dignidade. O direito ao trabalho também é parte desse debate. Promover a inclusão de pessoas com mais de 60 anos em ambientes produtivos é, além de estratégico, uma forma concreta de reconhecer o valor da experiência e combater a exclusão social na velhice.

 

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