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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Medicamentos para emagrecer podem reduzir eficácia da pílula

As notificações envolveram ao menos 40 casos de gravidez em pacientes, após uso dos medicamentos

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 26 de junho de 2025
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Medicamentos para emagrecer podem reduzir eficácia da pílula. | Foto: Reprodução/Istock

A popularização de medicamentos injetáveis usados para emagrecimento, como Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida), acendeu um novo sinal de alerta entre autoridades de saúde. No Reino Unido, o órgão regulador de medicamentos emitiu uma recomendação voltada a mulheres em idade fértil após relatos de dezenas de gestações não planejadas entre usuárias desses fármacos.

As notificações envolveram ao menos 40 casos de gravidez em pacientes que faziam uso de substâncias da mesma classe do Ozempic, originalmente desenvolvido para controle do diabetes tipo 2, mas hoje amplamente prescrito com foco na perda de peso.

O principal ponto de atenção está na forma como esses medicamentos agem no organismo: ao imitarem o hormônio intestinal GLP-1, semaglutida e tirzepatida reduzem o apetite e retardam o esvaziamento gástrico. Embora isso ajude na saciedade e no controle do peso, pode também interferir na absorção de medicamentos orais, como os anticoncepcionais  e, por consequência, comprometer sua eficácia.

Estudos recentes indicam que esse impacto pode ser mais significativo com a tirzepatida. Um deles, publicado em 2024, revelou queda de 20% nos níveis de etinilestradiol (hormônio presente na pílula combinada) no sangue, além de um atraso na sua absorção, que passou a levar até quatro horas a mais. Já a semaglutida apresentou efeitos mais discretos, mas ainda assim considerados relevantes, principalmente nas primeiras semanas de uso.

Outros fatores também preocupam. Náusea, vômitos e diarreia, reações adversas comuns a esses tratamentos, podem reduzir ainda mais a absorção de contraceptivos. Só a tirzepatida, por exemplo, está associada a quadros de vômito em cerca de 12% dos usuários e diarreia em até 23%.

Por isso, autoridades de saúde recomendam o uso de métodos contraceptivos de apoio, como preservativos, especialmente durante o início do tratamento ou em casos de sintomas gastrointestinais.

Além da interação medicamentosa, há outro aspecto relevante: a melhora da fertilidade associada à perda de peso. Condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), frequentemente agravadas pela obesidade, podem ser amenizadas com o emagrecimento, o que aumenta naturalmente a chance de gravidez,  mesmo entre mulheres que seguem métodos contraceptivos à risca.

Métodos como DIUs, implantes hormonais e adesivos, que não dependem da digestão para serem eficazes, seguem como as opções mais seguras para quem está em uso desses fármacos.

Tratamentos inovadores e efeitos colaterais 

Combinando eficácia clínica e forte apelo popular, a semaglutida e a tirzepatida têm reformulado o cenário terapêutico do diabetes tipo 2 e da obesidade. Enquanto a primeira já está disponível no Brasil sob os nomes Ozempic e Wegovy, a segunda, mais recente, aguarda aprovação para uso específico contra a obesidade, embora já esteja liberada para o diabetes.

A principal diferença entre elas é que a tirzepatida combina a ação de dois hormônios intestinais (GLP-1 e GIP), o que amplia seu potencial de controle do apetite e regulação do metabolismo.

Com estudos em andamento para novas indicações, como doenças renais e hepáticas, esses medicamentos seguem ganhando espaço, ao mesmo tempo em que reforçam a necessidade de acompanhamento médico e de orientação adequada sobre seus efeitos e interações.

 

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