Câmara Municipal: pais poderão impedir atividades de gênero nas escolas
Com o proselitismo religioso de sempre, os vereadores da Câmara Municipal de Goiânia aprovaram, em primeira votação, o projeto de lei que assegura aos pais o direito de impedir a participação de seus filhos em atividades pedagógicas de gênero realizadas nas instituições de ensino privadas. Obviamente, a proposta recebeu votos contrários dos vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT): Professor Edward, Fabrício Rosa e Kátia.
O projeto em si oferece ótimas garantias aos pais. No entanto, deve-se lembrar que o debate de gênero importa, sim. O mundo é um lugar de relações interpessoais complexas em que a convivência, com as diferentes visões de mundo, é necessária — mesmo que muitos não desejem. O sentido empregado é que posso discordar, mas não posso ignorar que exista, simplesmente com proibição. Porém, posso desejar não conviver — ou debater — com os diferentes — e é isso que a medida garante. E nesse sentido restrito, está tudo bem.
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Mas o problema na Câmara, nesta quarta-feira (9), é que o debate de cunho profundamente filosófico foi reduzido a argumentos religiosos, de um lado, e um progressismo autoritário, do outro. Como se o progressismo liberal e a caridade cristã não pudessem estar ali naquele momento. Para compreender, o progressismo liberal garante a liberdade individual em si, sem que isso force uma determinada visão por meio de recursos públicos ou violência estatal; a caridade cristã garante o amor e a empatia pelo próximo — mesmo que o próximo esteja errado.
Por fim, com os discursos ruins e a lei boa, a medida segue para a segunda votação. (Especial para O Hoje)