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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
NEGOCIOS

Embalagens movimentam R$ 165,9 bi e acompanham mudanças no consumo

Setor de embalagens flexíveis se destaca com alta de 14,89% e quase 274 mil empregos

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 14 de julho de 2025
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Indústria de embalagens flexíveis fatura R$ 45 bi

A indústria de embalagens flexíveis tem ganhado protagonismo no mercado nacional e internacional, impulsionada pela busca por soluções sustentáveis, pela praticidade exigida pelo consumidor moderno e por um contexto macroeconômico de recuperação industrial. De acordo com projeção da consultoria internacional Smithers, o mercado global deve movimentar cerca de US$ 315 bilhões até 2026, com um crescimento médio anual de 4,2%. O Brasil acompanha essa tendência, tanto na produção quanto na adoção de tecnologias voltadas à redução de impactos ambientais.

Crescimento robusto no Brasil, com destaque para o setor alimentício

No cenário nacional, as embalagens flexíveis movimentaram R$ 45 bilhões em 2024, segundo dados da associação que representa a indústria do setor. O segmento alimentício lidera o consumo, respondendo por cerca de 70% da demanda nacional. A preferência se dá principalmente pela combinação entre leveza, resistência, facilidade de transporte e capacidade de conservação de produtos, especialmente alimentos perecíveis.

Soluções sustentáveis e inovação impulsionam o setor

Além da versatilidade, as embalagens flexíveis têm se destacado por sua capacidade de adaptação às exigências ambientais, o que tem sido fator determinante para seu avanço. Materiais recicláveis, biodegradáveis e de fonte renovável vêm ganhando espaço na produção, acompanhando o comportamento de um consumidor cada vez mais atento às questões ambientais e sociais.

Segundo lideranças do setor, o uso de monomateriais recicláveis e a adoção de processos com menor consumo energético são algumas das estratégias adotadas para tornar a cadeia produtiva mais sustentável. O desenvolvimento de soluções como as embalagens com sistema “abre e fecha”, zíper, bico dosador e as do tipo stand-up pouch — que garantem mais praticidade — mostram que o design funcional também exerce forte influência na escolha dos consumidores.

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Tecnologia, design funcional e apelo ambiental impulsionam setor

Novos perfis de consumo impulsionam a demanda por conveniência

O apelo pela sustentabilidade está em consonância com um perfil de consumo em transformação, refletido nas novas configurações familiares e nos hábitos de compra. Dados do Censo de 2022 indicam que os domicílios com apenas uma pessoa passaram de 12,2% em 2010 para 18,9% em 2022, enquanto casais sem filhos saltaram de 16,1% para 20,2%. Esse cenário favorece a procura por embalagens menores, com maior conveniência e que atendam a porções individuais, sem abrir mão da conservação e do apelo visual.

Tecnologia e automação elevam competitividade e reduzem perdas

O avanço tecnológico também tem desempenhado papel crucial nesse processo. Embalagens termoformadas e com atmosfera de proteção (ATP) têm se tornado comuns em setores como carnes, pescados, laticínios e alimentos prontos. Tais soluções permitem maior vida útil dos produtos, reduzindo perdas, além de facilitar o transporte e a armazenagem. A adoção crescente de sistemas automatizados nas linhas de produção garante eficiência operacional, padronização e redução de desperdícios, o que também impacta positivamente a competitividade do setor.

Dados econômicos confirmam força e desafios do setor

No plano macroeconômico, a performance da indústria de embalagens está entre os destaques da indústria de transformação. De acordo com estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), o valor bruto da produção física de embalagens cresceu 14,89% em 2024 em comparação ao ano anterior. No mesmo período, a produção física avançou 6,7% em volume, superando o desempenho da indústria de transformação como um todo, que teve alta de 3,7%.

A produção total do setor alcançou R$ 165,9 bilhões em 2024. As embalagens plásticas e metálicas, que representavam 50,6% do valor em 2023, encerraram o ano com 53,8% de participação. O destaque ficou com as plásticas, que responderam por 33,4%. Já as embalagens de papelão ondulado, vidro e madeira apresentaram recuos na mesma comparação.

Apesar do bom desempenho de 2024, as perspectivas para 2025 são mais cautelosas. A FGV projeta crescimento de apenas 0,6%, diante do ambiente de inflação persistente, juros altos e sinais de arrefecimento na confiança do consumidor. Segundo especialistas, há também riscos externos a serem monitorados, como a volatilidade cambial e as tensões no comércio global.

Setor emprega quase 274 mil trabalhadores e mostra estabilidade

Outro dado relevante do levantamento da FGV diz respeito ao emprego: o setor encerrou 2024 com 273.967 postos de trabalho formais, um crescimento de 7,59% em relação a 2023. A indústria de embalagens plásticas concentrou mais da metade dos empregos (55,7%), seguida pelos setores de papelão, papel, metal, madeira e vidro. A utilização da capacidade instalada também se manteve acima da média histórica, atingindo 78,2% no ano passado.

Já o desempenho externo da indústria de embalagens mostrou oscilações. As exportações somaram US$ 519,7 milhões em 2024, queda de 5,47% em relação ao ano anterior. Apenas as embalagens plásticas registraram crescimento nas exportações (+12,6%). As importações, por sua vez, totalizaram US$ 553,9 milhões, com recuo de 9,09%. Os setores de papel/papelão, metálicas e plástico foram os únicos a crescer no volume importado, enquanto vidro e madeira apresentaram retração expressiva.

Consumo interno aquece produção de embalagens flexíveis

A produção de embalagens flexíveis também serve como um termômetro do consumo interno, especialmente de bens de giro rápido. Embora o cenário geral aponte estabilidade, o relatório anual da associação do setor indica crescimento de 2,5% na produção física e de 7,6% no faturamento bruto, totalizando R$ 37,8 bilhões em 2024. A capacidade instalada é estimada em 3,2 milhões de toneladas por ano, operando com nível médio de ociosidade de 27% entre mais de 3.700 empresas.

Combinando inovação tecnológica, compromisso ambiental e adaptação às novas demandas de mercado, a indústria de embalagens flexíveis se consolida como um dos vetores mais dinâmicos da economia brasileira. Mesmo diante de incertezas econômicas, o setor continua a se reinventar, apostando em soluções que unem eficiência, funcionalidade e responsabilidade socioambiental.

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